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Morreu Albert Finney.
O ator tinha 82 anos e faleceu "pacificamente após uma curta doença e as pessoas mais próximas estavam ao seu lado", avançou um porta-voz da família esta sexta-feira.
Era um dos atores vivos mais conceituados que nunca ganhou o Óscar: foi nomeado cinco vezes, por "Tom Jones, Romântico e Aventureiro" (1963), "Um Crime no Expresso do Oriente" (1974), "O Companheiro" (1983), "Debaixo do Vulcão" (1984) e "Erin Brockovich" (2000).
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Albert Finney nasceu em Manchester em 1936 e estudou na Royal Academy of Dramatic Art, brilhou em obras de William Shakespeare, tornando-se um dos grandes talentos do teatro britânico que surgiu com Richard Burton, mas mais na geração de Peter O´ Toole, Alan Bates, Richard Harris e Anthony Hopkins.
Quando chegou ao grande ecrã acabou por ser um dos símbolos de um "novo" cinema britânico que revolucionaram as salas na década de 60, em que atores e respetivas personagens vinham das classes trabalhadoras e não da aristocracia de Laurence Olivier ou John Gielgud.
Tornou-se uma estrela logo no ano de estreia, com "Sábado à Noite, Domingo de Manhã" (1960), em que a rebeldia da sua personagem se podia resumir numa frase que causou impacto numa geração: "Tudo o que quero é divertir-me. O resto é propaganda”.
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Desde então, com o seu rosto rosado e os olhos azuis, exibiu grande versatilidade, especialmente para os sotaques, em mais de 40 filmes.
O papel do filho bastardo de origem humilde criado num ambiente elegante e playboy irresistível no Óscar de Melhor Filme "Tom Jones, Romântico e Aventureiro" (1963, foto principal), tornou-o um dos grandes representantes dessa nova vaga internacional do cinema britânico e seguiram-se títulos variados como "Ao Cair da Noite" (1964), "Caminho para Dois" (1967) e "Muito Obrigado, Sr. Scrooge" (1970), ao mesmo tempo que usava o seu prestígio e fortuna para apoiar o início das carreiras de outros cineastas, como Lindsay Anderson em "If" (1968) e "Um Homem de Sorte" (1973), e Mike Leigh em "Bleak Moments" (1971).
"Gosto de fazer as minhas personagens evoluírem, viajar com elas", afirmou em entrevista à AFP em 1992.
"A capacidade de se transformar para traduzir esta evolução é o mais interessante para um ator", acrescentou.
Com um pé em Londres e outros em Hollywood, ao longo de toda a sua carreira combinou o grande ecrã com os palcos.
"Adoro o contacto direto com o público, a energia e a concentração que é preciso investir para interpretar uma obra de teatro, é algo que preciso", afirmou então.
A segunda nomeação para os Óscares foi pelo papel do detetive belga Hercule Poirot no filme recheado de estrelas "Um Crime no Expresso do Oriente" (1974).
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Albert Finney tornou-se ainda mais prestigiado na transição para os papéis mais maduros graças a filmes como "Depois do Amor" (1982, Alan Parker), "O Companheiro" (1983, Peter Yates) e "Debaixo do Vulcão" (1984, John Huston), onde, como Geoffrey Firmin, um antigo diplomata alcoólico, talvez tenha dado a sua maior interpretação registada no cinema.
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Trabalhar com os irmãos Coen em "História de Gangsters" (1990) abriu as portas para trabalhar com novos realizadores que admiravam os seus filmes da década de 60: com Steven Soderbergh fez "Traffic - Ninguém Sai Ileso" (2000), "Erin Brockovich" (2000) e "Ocean's 12" (2004), Tim Burton chamou-o para "O Grande Peixe" (2003) e a animação "A Noiva Cadáver" (2005).
Nesta fase, foi ainda muito aclamado pelo trabalho em duas minisséries escritas por Dennis Potter, "Karaoke" e "Cold Lazarus", ambas de 1996, antes de ganhar prémios BAFTA, Globo e Emmy pela interpretação do estadista Winston Churchill no telefilme da HBO "O Homem Que Mudou o Mundo" (2002).
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As últimas presenças no cinema foram em papéis secundários, por vezes breves, mas sempre relevantes: "Um Ano Especial" (2005, Ridley Scott), "Ultimato" (2007, Paul Greengrass) e "Antes que o Diabo Saiba que Morreste" (2007, Sidney Lumet).
A despedida foi com "007 - Skyfall" (2012), onde era Kincade, o guardião da propriedade onde cresceu James Bond e que dava o título ao filme.
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