Seth Rogen tem um novo filme, "An American Pickle", sobre um imigrante judeu anos anos 1920 que cai acidentalmente num tanque de água salgada e acorda na Nova Iorque dos nossos dias, e que descreve como "o seu filme mais judeu de sempre".

Nas várias entrevistas de divulgação, o ator de 38 anos tem falado com mais pormenores sobre a sua educação judaica até à adolescência e os pontos de vista sobre a religião enquanto adulto, mas também a noção de que Hollywood é "controlada" pelos judeus.

"Tento denunciar o antissemitismo onde o vejo. Sei por experiência própria que as pessoas antissemitas também prosperam em Hollywood – portanto a ideia de que os judeus controlam as carreiras de todos em Hollywood é muito incorreta", defendeu em declarações ao jornal israelita Haaretz.

O ator deu como exemplo Mel Gibson, que ganhou os Óscares com "Braveheart" (1995) e voltou a ser reabilitado pela Academia com as nomeações por "O Herói de Hacksaw Ridge" (2016), apesar de estar envolvido em vários escândalos por comentários racistas e antissemitas.

"Mel Gibson fez vários filmes nos últimos anos. Ele ganhou um Óscar por um deles, penso que depois de fazer comentários terrivelmente antissemitas", recordou.

"Portanto não se trata de uma realidade com que tenha problemas em lidar: sei de facto que os judeus não controlam tudo em Hollywood. Se o fizessem, haveria muitas pessoas a trabalhar que não estariam. Para mim é fácil a ideia de denunciar o antissemitismo em Hollywood, principalmente porque é minha comunidade de origem - Hollywood, não os judeus", esclareceu.

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Seth Rogen parece ter presente as declarações de Winona Ryder em junho numa entrevista ao The Sunday Times sobre um episódio com Mel Gibson que terá acontecido numa das festas durante a campanha de prémios para "Braveheart".

"Estávamos numa festa muito concorrida com um dos meus grandes amigos. E o Mel Gibson estava a fumar um charuto e estamos todos a conversar e ele diz para o meu amigo, que é homossexual, 'Espere, vou apanhar Sida?'. E então apareceu qualquer coisa sobre Judeus e ele disse, 'Não és uma 'oven dodger', pois não?”, recordou.

"Oven dodger", que não tem tradução portuguesa, é uma expressão depreciativa para uma pessoa de ascendência judaica que usa o termo "oven", numa referência aos fornos em que foram queimados judeus nos campos de concentração durante o Holocausto.

Winona Ryder acrescentou que Mel Gibson "tentou" pedir desculpa mais tarde.

Um representante da estrela disse que os declarações eram "100% falsas" e estava a mentir, o que levou Winona Ryder a reiterar as acusações.