Por pouco não foi actriz de um só filme, pelo menos na memória popular:
Maria Schneider protagonizou com
Marlon Brando um dos filmes mais míticos e polémicos da década de 70,
«O Último Tango em Paris». Realizada em 1972 por Bernardo Bertolucci, a película ganhou fama pelo conteúdo erótico, de sexualidade quase explícita, algo até então inédito numa obra com uma estrela de primeira grandeza como era Brando.

A actriz tinha apenas 20 anos quando fez o filme, em que interpretava uma jovem francesa que mantém uma relação exclusivamente sexual com um norte-americano de meia-idade num apartamento vazio de Paris. Schneider tornou-se uma celebridade mundial em virtude do impacto imenso da fita, porventura o mais lendário «fruto proibido» para os portugueses antes do 25 de Abril, que muitos iam de propósito ver a Paris.

Filha do actor Daniel Gélin (que nunca reconheceu legalmente a paternidade), Schneider nunca mais teve outro papel com o mesmo reconhecimento popular mas ainda conseguiu co-protagonizar mais dois filmes de relevo cinéfilo: logo em 1975 contracenou com
Jack Nicholson em
«Profissão: Repórter», de
Michelangelo Antonioni, e em 1981 protagonizou
«Merry-Go-Round», de
Jacques Rivette.

Apesar de ter feito vários filmes na década de 70 e 80, mais nenhum ficou verdadeiramente registado na memória. A maioria deles, como
«Crónica da Mais Velha Profissão do Mundo», foi criado para aproveitar o potencial erótico e sexual que se colara à pele da actriz, que por esses anos teve a vida marcada por depressões e pelo abuso de drogas.

Maria Schneider continuou sempre a trabalhar, por vezes em papéis secundários em filmes de maior relevo como
«Noites Bravas», mas nunca mais teve qualquer tipo de projecção.