O filósofo francês Jacques Rancière escreveu vários ensaios e artigos sobre o cinema do realizador Pedro Costa, reunidos num livro que é apresentado esta semana em Lisboa, no festival de cinema LEFFEST.

“Como pensar a política dos filmes de Pedro Costa? Primeiro, a resposta parece simples; os seus filmes têm como tema essencial uma situação que está no centro das aspirações políticas do nosso tempo: o destino dos explorados, aqueles que vieram de longe, das antigas colónias ultramarinas, para trabalhar nas obras em Portugal”, lê-se nas primeiras páginas de “Pedro Costa – Os quartos do cineasta”.

Editado este mês pela Relógio d’Água, “Pedro Costa – Os quartos do cineasta” reúne cinco artigos que Jacques Rancière dedicou ao cinema do realizador português, além de conversas com o argumentista Cyril Neyrat sobre alguns dos filmes, e a transcrição de debates públicos entre o ensaísta francês e o cineasta, ocorridos no Museu Reina Sofía de Madrid, no Instituto Francês de Barcelona e em Lille, França.

“Pedro Costa – Os quartos do cineasta” teve uma primeira edição em francês em 2022 pela Les Éditions de L’Oeil, coincidindo com a exposição "O resto é sombra" de Pedro Costa, Paulo Nozolino e Rui Chafes, em Paris.

Jacques Rancière, filósofo, ensaísta e professor emérito em Paris, tem investigado e escrito sobretudo sobre política e estética, sobre a relação do indivíduo com a arte.

Entre as obras publicadas, e editadas em Portugal, estão “A noite dos proletários”, “O destino das imagens”, “A fábula cinematográfica”, “Béla Tarr – O tempo do depois” e ainda “Os intervalos do cinema” e “O espectador emancipado”, dois dos livros nos quais também aborda o cinema de Pedro Costa.

“Pedro Costa – Os quartos do cineasta” será apresentado na quinta-feira, no cinema Nimas, em Lisboa com a presença do realizador e de Maria João Madeira, que traduziu.

O lançamento acontece no âmbito do festival de cinema LEFFEST, que termina no dia 19.