A poucos dias da estreia nos cinemas, cresce a controvérsia à volta da violência de "Joker" e o realizador não percebe porque é que outros filmes mais sangrentos passam "por entre os pingos da chuva". Exemplo concreto: o recente "John Wick 3".

O facto de mostrar um homem branco a alvejar pessoas a tiro parece ser a principal preocupação pois a violência é semelhante à dos frequentes massacres que fazem notícia nos EUA: Joaquin Phoenix representa Arthur Fleck, um comediante de "stand-up" fracassado que enlouquece e, ao agravar-se a doença, se transforma num assassino psicopata.

O debate trouxe para a atualidade a memória do massacre em 2012 nos Cinemas Aurora (Colorado, EUA), em que morreram 12 pessoas e outras 70 ficaram feridas durante uma sessão de "O Cavaleiro das Trevas", pois as notícias da época avançaram que o atirador estava mascarado de Joker.

Numa entrevista, Todd Phillips, o realizador de "Joker", esclareceu que "Aurora é obviamente uma situação horrível, mas mesmo isso, francamente, não é algo em que possa culpar o filme [O Cavaleiro das Trevas]. Sinceramente, se pesquisarmos sobre Aurora, aquele senhor nem sequer foi como o Joker. Isso foi noticiado erradamente. O seu cabelo estava pintado de vermelho, obviamente que ele estava a ter um esgotamento mental e há algo de horrível nisso, mas não estava relacionado, a não ser que aconteceu numa sala de cinema".

Acrescenta que "Joker" se passa num mundo fictício e pode suscitar implicações e reflexões no mundo real, mas não deixa de ser "uma personagem de ficção num mundo de ficção que existe há 80 anos".

"O que me faz mais confusão é a parte tóxica do homem branco, quando se diz 'Acabei de ver o John Wick 3'. Ele é um homem branco que mata 300 pessoas e toda a gente está a rir, a assobiar e a gritar. Porque é que este filme [Joker] é examinado por padrões diferentes? Honestamente, para mim não faz sentido", indicou.

Na terça-feira, cinco familiares de vítimas e sobreviventes de Aurora expressaram numa carta-aberta ao estúdio Warner Bros. a preocupação por "Joker" apresentar "a personagem como protagonista com uma história das origens simpática" e a sua violência poder inspirar imitadores.

O estúdio respondeu, descrevendo a violência provocada pelas armas como uma "questão crítica", mas assegurou que o filme não pretende endossar a violência do mundo real ou representar o super vilão de forma simpática.

"Não haja qualquer equívoco: nem a personagem fictícia Joker, nem o filme, é um endosso de qualquer tipo de violência no mundo real. Não é a intenção do filme, dos cineastas ou do estúdio apresentar esta personagem como um herói", dizia a declaração.

"Joker" estreia a 3 de outubro em Portugal.

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