Ficaram conhecidos como os "filmes dos asteroides" e chegaram aos cinemas com poucas semanas de diferença, uma curiosidade que contribuiu para que se tornassem um dos fenómenos mais falados de 1998.

A 8 de maio, estreava "Impacto Profundo", um filme de Mimi Leder sobre o impacto humano da notícia de que um enorme cometa estava em rota de colisão com a Terra e a luta pela sobrevivência.

Sete semanas mais tarde, foi a vez de "Armageddon", com as tintas mais heroicas do realizador Michael Bay, um elenco (literalmente) de arrasar liderado por Bruce Willis e Ben Affleck e uma canção dos Aerosmith chamada "I Don't Want to Miss a Thing", onde uma equipa de especialistas em perfuração de petróleo se tornava a derradeira esperança para impedir um meteorito do tamanho do estado de Texas de chocar contra a Terra e acabar com a Humanidade.

Passados 25 anos, o Yahoo Entertainment foi falar com vários cientistas da NASA para saber qual dos dois filmes era mais "realista".

Sendo obras de entretenimento e não documentários, sem surpresa a "ciência" dos asteroides à moda de Hollywood está longe da realidade: rebentar com um asteroide recorrendo a uma bomba nuclear, como é proposto por "Armageddon", é descrito como irrealista, enquanto que a ideia de "Impacto Profundo" de uma gigantesca onda a destruir a Costa Leste dos EUA é "forçada".

Os cientistas da NASA coincidem na análise de que, apesar de ambos os filmes terem imensas falhas científicas, "Impacto Profundo" é, "de longe", o mais "científico”: por exemplo, a ideia de uma estrutura feita pelo homem pousar na superfície de um cometa acabou por acontecer com a sonda espacial Philae em setembro de 2016... mas sem bombas nucleares e apenas para recolher imagens e dados.

Já usar bombas nucleares não é uma boa estratégia: um dos especialistas diz mesmo que "o maior erro" na maioria dos filmes deste género muito específico é pensar que rebentar com um asteroide é uma boa ideia.

"Na verdade, o melhor é certificarmo-nos que nunca nos atingirá", garante Phil Plait, astrónomo que trabalhou com a NASA no Telescópio Espacial Hubble, oito meses depois da uma missão espacial ter precisamente mudado com sucesso a trajetória de um asteroide graças à colisão da sonda DART.

"Impacto Profundo" dava ao mundo cerca de um ano para se preparar para o embate, enquanto "Armageddon" ficava pelos 18 dias, o que para Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra da NASA, é mais um exemplo das falhas científicas.

"Não há grandes asteroides a caminho da Terra durante as nossas vidas. Um grande impacto é extremamente improvável, e a NASA e outras instituições à volta do mundo estão a trabalhar para reduzir ainda mais a preocupação, à medida que melhores telescópios de busca de asteroides ficam disponíveis", descansou.

E acrescenta que é tudo hipotético: "Já encontrámos mais de 95% dos asteroides capazes de fazer isso. E nenhum deles está tão cedo a caminho da Terra".