"Angustiado" com o que lhe aconteceu nas bilheteiras, Martin Scorsese fez um apelo pessoal para o novo filme de Guillermo del Toro seja apoiado pelos espectadores nos cinemas, destacando que o realizador "não precisa só do nosso apoio: ele merece-o".

Ao mesmo tempo que "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa" a encher os cinemas como acontecia antes da pandemia e a bater recordes de bilheteira, outras grandes produções de Hollywood de realizadores de prestígio, com boas críticas e potenciais candidatas aos Óscares, desiludiram nos EUA, como "West Side Story", de Steven Spielberg, e "Nightmare Alley - Beco das Almas Perdidas", de del toro.

O segundo é o caso mais calamitoso: a história de um vigarista que se move na elite rica da sociedade de Nova Iorque dos anos 1940, e o primeiro filme desde que o realizador ganhou os Óscares com "A Forma da Água", arrecadou apenas 9,7 milhões de dólares nas bilheteiras americanas.

Martin Scorsese

"Obviamente que este último Natal era uma altura complicada para estrear qualquer filme, mas também me pergunto se tem havido um reconhecimento a sério do que conseguiu o Guillermo", destaca o lendário realizador num artigo para o jornal Los Angeles Times.

Apesar de achar que está correta a descrição de 'filme noir' [cinema negro], Scorsese receia que as pessoas não se estejam a mostrar interessadas por estarem à espera de um 'pastiche', uma mera imitação em jeito de homenagem ao género, pois o termo tem sido usado e abusado com tanta frequência.

E isso, argumenta, não faz justiça ao trabalho de Guillermo del Toro.

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"Todas as personagens deste filme estão a sentir dor a sério, uma desilusão espiritual com raízes na vida diária. Isto não é apenas uma questão de 'estilo' ou 'visuais', que efetivamente são magníficos. Trata-se do compromisso total do Guillermo com o material, de trazer a sua visão à vida com o design de produção, guarda-roupa, fotografia e incrível elenco, liderado por Bradley Cooper e Cate Blanchett. Eles trabalham juntos para criar um universo sem saída do passado Americano, e fazem-no dentro e fora, por dentro e por fora. Nesse sentido, o filme é mais fiel ao espírito do cinema negro do as que muitas 'homenagens' que se têm feito", destaca Scorsese

Apesar de grande parte da história do filme se passar na década de 1930, a era da grande Depressão económica, o lendário cineasta descreve que del Toro está falar dos tempos atuais, "mas a fazê-lo numa linguagem de um tempo que passou, e a urgência e desespero de então sobrepõem-se com a urgência e o desespero de agora numa forma que é bastante perturbadora. Como se fosse um sinal de alarme".

"Perturbador, mas ao mesmo tempo emocionante. É isso que a arte pode fazer", elogia Scorsese, que apela para que o filme seja visto no cinema: "Se decidiu simplesmente arquivar 'Nightmare Alley' como 'cinema negro' ou outra categoria, peço-lhe que pense melhor. E se decidiu ignorá-lo completamente, por qualquer razão que seja, por favor reconsidere. Resumindo, o que estou a tentar dizer é que um cineasta como o Guillermo, que nos deu filmes criados com tanto amor e paixão, não precisa só do nosso apoio: ele merece-o".

"Nightmare Alley - Beco das Almas Perdidas" chega esta quinta-feira aos cinemas portugueses.

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