Os organizadores pretendem reformular os Globos de Ouro, uma das mais influentes cerimónias de prémios, mas cercada por escândalos depois de a NBC ter cancelado a cerimónia do próximo ano, após críticas generalizadas ao histórico da associação em termos de diversidade e transparência.

Entre as críticas dirigidas ao evento, muitos espectadores expressaram indignação pelo aclamado "Minari" - uma história de imigrantes filmada principalmente em coreano, mas ambientada no estado norte-americano do Arkansas - ter sido restrito à categoria de língua estrangeira na edição deste ano.

Devido às regras, o filme de Lee Isaac Chung não esteve na lista das categorias de Melhor Comédia ou de Melhor Drama, considerados os principais prémios dos Globos de Ouro. O mesmo aconteceu com "Parasitas", vencedor do Óscar de Melhor Filme no ano passado.

"Ao reexaminar as nossas diretrizes este ano depois de ouvirmos a indústria, decidimos adotar novas abordagens para as futuras cerimónias que irão garantir que estes filmes recebam a atenção que merecem", disse o presidente da HFPA, Ali Sar, em comunicado à AFP. "O idioma nunca mais será uma barreira para ser reconhecido como o melhor", frisou.

Formada por cerca de 90 jornalistas que votam no segundo prémio anual de cinema e televisão mais relevante da indústria, a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood está sob os holofotes há meses, depois de ser acusada de racismo, sexismo, assédio e corrupção.

No mês passado, o grupo aprovou uma série de mudanças para ser "mais inclusivo e diverso" por uma margem "esmagadora", na esperança de acabar com a publicidade negativa. Mas a reação de Hollywood tem sido feroz, com estrelas como Scarlett Johansson e Tom Cruise a condenarem as mudanças, por terem sido lentas, vagas e não abordarem algumas das queixas mais fundamentais.

Desde então, dois dos membros da associação renunciaram ao cargo, chamando o grupo de "tóxico".

Esta quarta-feira, a HFPA disse que a maioria dos seus membros "completou sessões de formação sobre diversidade, equidade e inclusão, e passos significativos já foram dados na reestruturação da organização".

As mudanças incluem proibir os membros de aceitar presentes, a contratação de consultores de diversidade e o estabelecimento de uma linha para reclamações.

As medidas "vão entrar em vigor imediatamente, independentemente da próxima data de transmissão dos Globos de Ouro, demonstrando o nosso compromisso com a diversidade e a inclusão em todos os aspetos do nosso trabalho", afirmou Sar.

Resta saber, porém, se a indústria que por muito tempo tolerou alguns dos comportamentos mais questionáveis da HFPA irá apoiar o regresso da cerimónia, depois de empresas como a Netflix e a Warner Bros terem prometido não trabalhar com o grupo até que mudanças significativas fossem feitas.