No ano passado, Gal Gadot confirmou o que circulava há muito tempo: que o realizador Joss Whedon a tinha "ameaçado" durante as refilmagens de "Liga da Justiça", prometendo que faria tudo para tornar a sua carreira miserável, e o caso teve de ser resolvido pelo estúdio Warner Bros..

O realizador disse que teria sido tudo um mal entendido porque o inglês não era a primeira língua da atriz israelita durante uma entrevista para um perfil publicado esta segunda-feira pela New York Magazine em que respondeu pela primeira vez aos relatos sobre os seus alegados comportamentos abusivos no filme e também nas séries "Buffy" e "Angel".

"Percebi perfeitamente" foi a reação por email da atriz a esta versão publicada no mesmo perfil, mas a revista divulgou nas redes sociais a resposta completa e em inglês muito claro: "Percebi perfeitamente. Nunca irei trabalhar com ele e nunca sugeriria a nenhum dos meus colegas para trabalhar com ele no futuro".

No perfil, Joss Whedon desmente algumas das antigas e novas acusações com que é confrontado de comportamentos abusivos a nível profissional e pessoal envolvendo funcionários e antigas namoradas, mas também reconhece atitudes menos próprias e que poderia ter gerido outras situações de forma diferente.

Realizador Joss Whedon reage às polémicas de "Liga da Justiça": Ray Fisher é "mau ator", Gal Gadot não percebeu inglês
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O trabalho da jornalista Lila Shapiro está a ter grande repercussão junto de quem acompanha as notícias da indústria cinematográfica e principalmente o processo de destruição da imagem do realizador como "ícone do feminismo em Hollywood", por expor as acusações contra ele, as suas respostas e deixar o leitor tirar as suas conclusões.

Descrito como "pálido e anguloso com olheiras sob os olhos", distante do homem com "bochechas rechonchudas" das últimas imagens públicas em 2019, o realizador diz que não pode continuar em silêncio perante o que interpreta como uma tentativa para o destruir e ao seu legado, mas também reconhece que tudo o que disser poderá ajudar as pessoas que têm esse objetivo: "Estou apavorado com cada palavra que sai da minha boca".

As palavras revelaram-se premonitórias: da versão sobre o que aconteceu a Gal Gadot à descrição de Ray Fisher, outro ator de "Liga da Justiça" e o primeiro a acusá-lo em julho de 2020 de comportamento "grosseiro, abusivo, pouco profissional e completamente inaceitável", como "uma força malévola" e "um mau ator em ambos os sentidos", as respostas do realizador não convenceram a maioria dos que leram o artigo.

"Este perfil do Joss Whedon é uma masterclass sobre dar à pessoa retratada corda suficiente para se enforcar", partilhou o jornalista Benjamin Freed.

"Um excelente exemplo de deixar alguém prejudicar-se só por deixá-lo falar e falar e falar", escreveu o jornalista Josh Spiegel.

"Este artigo do Joss Whedon é um grande exemplo de uma jornalista a dar pás cada vez maiores a uma pessoa para cavar o seu próprio buraco", partilhou a jornalista Zing Tsjeng.

"Este perfil de Whedon é fantástico. É muito mais esclarecedor / prejudicial ter a própria pessoa a enforcar-se com as suas palavras", escreveu o jornalista Joseph Bien-Kahn.

"Este é um dos melhores artigos que alguma vez li sobre um perfil de celebridade. Excecionalmente bem pesquisado, testemunhos fantásticos das pessoas que lhe eram próximas, tudo mantendo uma postura objetiva e deixando a pessoa cavar um buraco mais fundo para si mesmo", escreveu o cineasta e escritor Daniel James Pike.

"Este é um dos perfis mais bem feitos que já li. A jornalista apresenta Whedon com tanta elegância e perspicácia enquanto ele torna tudo pior", partilhou a escritora Tabetha Wallace.

"Toda a gente destacou os golpes e golpes auto-infligidos neste artigo, mas bem lá no fundo também há esta reflexão sobre como a relação entre arte e artista é mais complexa e confusa do que as pessoas normalmente desejariam que fosse", escreveu o crítico James Poniewozik.

"Este perfil sobre Joss Whedon é morbidamente fascinante. O retrato de um tipo específico de nerd masculino-feminino manipulador bem conhecido por todas as mulheres que já se envolveram com a cultura geek, principalmente na primeira década do 2000", reagiu a autora e apresentadora Keza MacDonald.

"Isto é tão bom. Só posso imaginar que os comentadores que acham que ela lhe fez um favor tenham capacidades limitadas de interpretação. Ela deu-lhe a plataforma para mostrar a toda a gente o que ele é verdadeiramente e o seu narcisismo não conseguiu resistir", escreveu uma leitora.

"Meu Deus, o impacto desta reportagem, após ler os detalhes de todas as acusações contra ele, revela perfeitamente o narcisismo delirante de Whedon", partilhou outra leitora.

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