Penn estava em Kyiv para as filmagens do documentário quando os primeiros mísseis russos atingiram o país a 24 de fevereiro de 2022, alterando completamente o seu cronograma.

Conhecido pelo seu ativismo, o ator contou como o interesse inicial pela figura do comediante que se tornou presidente se transformou numa 'obsessão'.

"Foi uma forma comovente de conhecer alguém", explicou numa conferência de imprensa.

"Além do nascimento dos meus filhos”, confessou, “aquele encontro foi um dos grandes momentos da minha vida, sentir aquele coração cheio de coragem”, acrescentou.

A decisão do presidente ucraniano de não deixar o seu país durante os confrontos gerou repercussão mundial e o aumento da sua popularidade na Ucrânia, que, inicialmente, chegou a expressar ceticismo acerca do ex-comediante.

A admiração foi partilhada por Penn, que regressou ao país inúmeras vezes para filmar a situação no leste do território ucraniano, os danos causados pelos bombardeamentos e para dar voz a Zelensky dentro e fora do seu refúgio, sempre vestido com um uniforme militar.

Sean Penn

Duas vezes vencedor de um Óscar, o ator transmite uma mensagem pró-Ucrânia no filme.

"Claro que a palavra 'propaganda' pode ser usada para depreciar o que para mim é a verdade sobre a unidade absoluta da Ucrânia. (...) Fizemos um filme totalmente tendencioso porque essa foi a verdadeira história que encontrámos", enfatizou, orgulhando-se de ser considerado um "propagandista".

Tanto Penn como Zelensky estiveram na gala de abertura do festival, na passada terça-feira.

O presidente ucraniano fez uma transmissão ao vivo de Kyiv para pedir aos aliados que impeçam a Rússia de construir "o mesmo muro" que dividiu Berlim ao longo de décadas.

A 73.ª edição do festival dá atenção, em especial, à Ucrânia e ao Irão, onde a repressão do regime levou vários cineastas à prisão. Há 18 obras com temas dedicados aos dois países.