Um filme português sobre os 20 anos da associação Oficinas do Convento conquistou a Lebre de Ferro do Festival Internacional Filmes sobre Arte Portugal 2018, que encerrou no sábado à noite, em Lisboa.
De acordo com a direção do festival, o filme "20 anos de Oficinas num Convento" (2017), realizado por Pedro Grenha, Rodolfo Pimenta e Rui Cacilhas, apresenta uma leitura dos 20 anos de atividade daquela associação cultural de arte e comunicação, no Alentejo, que cruza artes tradicionais com novas linguagens contemporâneas.
A Lebre de Ouro do Festival foi entregue a "Central Museum", de Jochen Kuhn (Alemanha, 2016), e a Lebre de Prata foi para "In Art we Trust", de Benoít Rossel (Suíça 2017), sobre os rituais de passagem da "profissão" de artista.
Em “Central Museum” – que venceu o primeiro prémio - o realizador Jochen Kuhn cria uma ficção sobre um homem que recebe um museu como herança de um tio, e, quando o visita, encontra um vigilante com quem acaba por ter uma longa conversa sobre a arte e sobre a vida.
Foram ainda atribuídas duas menções honrosas aos filmes "O passageiro", de Luís Alves de Matos (Portugal, 2017), que procura vestígios de Fernando Pessoa deixados na sua biblioteca, e "Who is Oda Jaune?", de Kamilla Pfeffer (Alemanha, 2016), sobre a vida e obra daquela pintora.
O Festival Internacional Filmes sobre Arte Portugal regressou a Lisboa para celebrar dez anos com mais de duas dezenas de produções e estreias internacionais, exibidas de 26 a 30 de junho.
Este ano, o festival decorreu na rua das Gaivotas 6, coprodutora, continuando a ser dirigido pela realizadora e artista Rajele Jain, responsável pela programação.
O júri foi composto pelo artista e cineasta Gil Maddalena, o artista de ‘vídeomapping’ e diretor do Festival dos Filmes de África, Eduardo Barbosa da Cunha, e a realizadora de filmes experimentais Maria Mire.
Em dez anos de existência, o festival apresentou 243 filmes sobre artistas e arte, apresentando mais de 500 artistas diferentes, de cerca de 150 realizadores nacionais e internacionais.
O objetivo do festival tem sido dar a conhecer a vida de artistas, quebrando as barreiras entre o realizador e o criador retratado, procurando dar a conhecer a essência da obra e do artista.
Entre as obras exibidas contaram-se "Grigory Sokolov: A conversation that never was", da realizadora russa Nadezhda Zhdanova, que conseguiu fazer o primeiro filme sobre um dos mais enigmáticos pianistas do mundo, que há muitos anos se recusa a dar entrevistas e a fazer gravações em estúdio, sendo, contudo, uma presença regular em salas de concerto. É o caso da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e da Casa da Música, no Porto, onde atua quase todos os anos.
Em "The Salamander’s Complex" (França), Stéphane Manchematin e Serge Steyer retrataram a imagem do reservado artista visual Patrick Neu, revelando assim, para o espectador, o seu mundo de trabalhos frágeis e quase imateriais, trabalhos que podem facilmente desaparecer.
Criado em 2008, o Festival Internacional Filmes sobre Arte Portugal teve inicialmente o apoio do Festival Temps D’Images e, desde 2015, é produzido de forma independente pela Associação Cultural Vipulamati: Ample Intelligence.
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