O filme-concerto “Quatro Canções para Ângelo”, a partir de quatro obras filmadas pelo artista Ângelo de Sousa (1938–2011), com bandas sonoras inéditas, vai estrear-se a 3 de fevereiro no Cinema Batalha, no Porto, anunciou hoje a organização.

As quatro obras documentam episódios históricos da cidade do Porto no pós-25 de Abril: uma manifestação, o naufrágio de um petroleiro no Castelo do Queijo, o atentado bombista na Cooperativa Árvore e, ainda, uma cena quotidiana no exterior da casa do artista.

Ao longo da vida e percurso artísticos, Ângelo de Sousa utilizou como suporte o cinema de formato reduzido (8 milímetros e Super 8), e é deste espólio de imagens em movimento que foram selecionados os quatro filmes rodados no Porto, três deles inéditos, agora digitalizados: “Cooperativa Árvore” (1976), “Ambre Solaire” (1969–71), “29 de setembro de 1974” (1974) e “Petroleiro a Arder” (1975).

Para cada uma delas foi comissariada — a Angélica Salvi, Fá Maria (Haut), Manuel Linhares com Paulo Barros, e Pedro Ricardo — uma obra musical para acompanhar a sua exibição, no dia 03 de fevereiro, às 17:15, indicou Batalha Centro de Cinema, em comunicado.

Escultor, pintor e desenhador, autor de uma obra multifacetada, Ângelo de Sousa viveu e trabalhou no Porto desde 1955, onde fez o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes, onde também foi professor, e viria a morrer nesta cidade em 2011.

O artista - nascido na então Lourenço Marques, em Moçambique - frequentou ainda a St. Martin's School of Art e a Slade School of Fine Art, em Londres, e integrou o grupo “Os Quatro Vintes”, em 1968, com Armando Alves, Ângelo de Sousa e José Rodrigues, assim designado por terem terminado o curso de pintura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto com a classificação de 20 valores.

Ângelo de Sousa foi alvo de duas retrospetivas de desenho/pintura (1993) e de filme/fotografia (2001) no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, e mais duas retrospetivas de desenho (2003) e de escultura (2006), na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O artista venceu, em 1975, o Prémio Internacional da Bienal de São Paulo, e foi galardoado com o Prémio Fundação EDP Pintura em 2000.