Um filme sobre a juventude de Donald Trump, lançado na segunda-feira, a seis meses das eleições nos EUA, destaca-se no 77.º Festival de Cinema de Cannes, que já entra na sua reta final.
Algumas horas depois, a campanha presidencial do norte-americano anunciou que iria processar os responsáveis por "The Apprentice" ("O Aprendiz", em tradução literal).
Só "Megalopolis", de Francis Ford Coppola, gerou mais conversa e expectativa antes da antestreia.
O filme do dinamarquês de origem iraniana Ali Abbasi acompanha os passos de um jovem Trump (Sebastian Stan) em Nova Iorque, quando iniciou as suas aventuras no setor imobiliário, e a relação com o seu mentor, o polémico advogado Roy Cohn (Jeremy Strong, da série "Succession").
No início, o jovem Trump está ávido pelos conselhos sobre como administrar os seus projetos imobiliários e beneficia dos técnicas de Cohn, de legalidade duvidosa. E as regras pelas quais vivia soam familiares: sempre ao ataque;, nunca admitir o que quer que seja e negar tudo; reivindicar sempre a vitória e nunca admitir a derrota.
O futuro milionário irá pouco a pouco conquistar o seu lugar na cidade e os seus negócios, como a famosa Trump Tower, vão prosperar.
O filme também mostra o relacionamento de Trump com a primeira esposa, Ivanna (Maria Bakalova no filme), incluindo uma alegada violação de que esta falou várias vezes após o divórcio mas se retratou antes de morrer em 2022, e outros momentos da sua vida privada, como quando decide se submeter a uma lipoaspiração.
São momentos que a revista The Hollywood Reporter descreveu como chocantes e que provocaram audíveis reações da audiência em Cannes. Segunda a revista, a equipa do filme recebeu quase oito minutos de aplausos. O Deadline eleva para 11.
"Queríamos fazer uma versão 'punk rock' de um filme histórico, o que significa que tínhamos que manter um pouco da energia, uma certa ideia [e não] sermos demasiado minuciosos sobre os detalhes e o que é verdadeiro ou falso", declarou recentemente à Vanity Fair o realizador, autor dos thrillers "Holy Spider" (2022) e "Na Fronteira" (2018), ambos premiados em Cannes.
Ainda sem distribuidor nos EUA, o filme chega a Cannes coincidindo com o julgamento de Trump em Nova Iorque, acusado de ter omitido do fisco os pagamentos a uma antiga atriz pornográfica, e a seis meses das eleições presidenciais, nas quais o magnata pretende voltar à Casa Branca.
E a sua campanha anunciou que vai regressar a tribunal.
"Iremos avançar com um processo judicial para abordar as afirmações flagrantemente falsas destes pretensos cineastas. Este lixo é pura ficção que sensacionaliza mentiras que há muito foram desmascaradas”, declarou em comunicado Steven Cheung, da campanha de Trump.
“Tal como aconteceu com os julgamentos ilegais de [Joe] Biden, esta é uma interferência eleitoral das elites de Hollywood, que sabem que o Presidente Trump irá regressar à Casa Branca e derrotar o seu candidato preferido porque nada do que fizeram funcionou”, acrescentou o porta-voz.
"Este ‘filme’ é uma pura difamação maliciosa, não deveria ver a luz do dia e nem merece um lugar na secção 'direto para DVD' numa caixa de pechinchas de uma loja de filmes com desconto prestes a fechar. Pertence à fogueira de uma lixeira”, concluiu.
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