Depois da crise económica de “Le Confessioni” e das histórias num único espaço de “Perfetti Sconosciuci” é a vez do veterano Michele Placido reunir o tema do primeiro e abordagem do segundo em “7 Minuti”.

O filme narra os acontecimentos passados numa indústria italiana comprada por um conglomerado francês, colocando em risco o posto de trabalho de 300 operárias. Só uma delas tem direito a estar na reunião que promove o encontro entre a representante francesa (Anne Consigny) e os patrões italianos. Com muitos sorrisos e conversas afáveis eles entregam a Bianca (Ottavia Piccolo) uma proposta…

Esta traz uma ideia subtil e inteligente, onde o veneno está muito dificilmente à vista das outras dez trabalhadoras (e do espectador) que compõem o conselho operário – enquanto a multidão espera do lado de fora.

Esta história desenvolvida num único e claustrofóbico cenário vem de uma peça, onde o dramaturgo Stefano Massini reconstruiu os acontecimentos de 2012 na localidade francesa de Yssingeaux.

Na altura, a possibilidade de fecho de uma fábrica de roupa interior com a transferência dos postos de trabalho para Tunísia gerou uma 'guerra' que tornou famosas as operárias da única indústria de uma pequena aldeia no centro do país.

Essencialmente, a abordagem de Placido trata de dar voz e personalidade às suas múltiplas protagonistas, visando lhes oferecer um 'background' sólido que justifique as suas ações diante de uma proposta que parece muito menos ardilosa do que realmente é.

Talvez em função desta complexidade, o realizador e coargumentista simplifica o resto, criando um filme enxuto, tenso e repleto de questões pertinentes - envolvendo não só a crise económica como a própria luta operária e a fragilidade dos mecanismos hoje existentes em sua defesa. Afinal, o que vem primeiro? A salvação com submissão ou o risco com dignidade?

Violante Placido, filha do realizador, interpreta Marianna, uma das assalariadas e que trabalha numa cadeira de rodas. A atriz estará na sessão para apresentar o filme.

Outras crises

Há umas boas décadas, Dino Risi contava outra história sobre a crise dos tempos – neste caso da dura vida da Itália no pós-guerra e ao longo dos anos 50. “Una Vita Difficile” ("Uma Vida Difícil"), exibida na retrospetiva dedicada a um dos mestres da 'Commedia all’italiana', traz o icónico Alberto Sordi tentando reconstruir a sua vida depois da guerra.

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