Com a indústria a recuperar lentamente de uma pandemia que suspendeu rodagens, adiou lançamentos, cancelou festivais e fechou cinemas, a 93ª edição dos Óscares acontece finalmente este domingo.

Determinados em fugir do zoom que mostrou as suas limitações técnicas nas cerimónias virtuais que tanto cansaram os espectadores e tiveram quebras histórias de audiências, os produtores Steven Soderbergh, Stacey Sher e Jesse Collins (os dois primeiros foram respetivamente o realizador e produtora do filme "Contágio") prometem um evento ao vivo a partir da histórica Union Station, no centro de Los Angeles, como se fosse uma produção cinematográfica e não um programa de televisão.

Foi anunciado um elenco de 20 apresentadores para o "filme": Riz Ahmed, Angela Bassett, Halle Berry, Don Cheadle, Bryan Cranston, Viola Davis, Harrison Ford, Regina King, Marlee Matlin, Rita Moreno, Reese Witherspoon e Zendaya juntam-se a Joaquin Phoenix, Renée Zellweger, Brad Pitt e Laura Dern (cumprindo a tradição dos atores premiados no ano passado regressarem na cerimónia a seguir para entregar Óscares aos colegas) e ainda o realizador Bong Joon-ho, que no ano passado subiu quatro vezes ao palco graças ao filme "Parasitas".

Óscares: a lista completa de vencedores
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Foi logo em junho do ano passado que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se adaptou a um contexto único, adiando a cerimónia dois meses (o que acontece pela quarta vez em 93 anos) e alterando os critérios de elegibilidade de filmes, que passaram a abranger os que fossem lançados entre 1 de janeiro de 2020 e 28 de fevereiro de 2021 (o que não acontecia desde 1932-33) e os que estavam inicialmente previstos para os cinemas mas acabaram por ser lançados diretamente nas plataformas de streaming.

Mas com a elite de Hollywood sem festas e passadeiras vermelhas precisamente desde a noite dos Óscares a 9 de fevereiro de 2020, Soderbergh disse à comunicação social que quer que o espetáculo seja "inspirador e esperançoso", sobre "o que nos tira desta sensação de que estamos presos em casa" e não recorde às pessoas o que têm sentido desde o ano passado.

Jesse Collins reiterou que desejam que a cerimónia tenha um impacto "emocional" e recorde que se vive em comunidade e é importante voltar às salas e à experiência do "amor ao cinema".

Uma festa especial cheia de regras

Steven Soderbergh, Stacey Sher e Jesse Collins, os produtores da cerimónia

Não haverá bilhetes para responsáveis dos estúdios, membros e convidados da Academia que costumam ocupar os 3400 lugares da "casa tradicional" do Dolby Theatre: na Union Station apenas vão estar nomeados, os seus convidados e os apresentadores, que não poderão levar segurança pessoal, que será assegurada pela organização.

Impulsionada pela campanha de vacinação que reabriu a Califórnia após um ano de sucessivos confinamentos, todas estas pessoas estão abrangidas pelo estatuto de "trabalhadores essenciais", que facilitou a presença na cerimónia de todos os que se tenham de deslocar de fora do condado de Los Angeles sem assim violarem os 10 dias de confinamento obrigatório.

ÓSCARES 2021

  • São oito os nomeados para Melhor Filme: "Mank" (10 nomeações), "Judas e o Messias Negro" (6), "Minari" (6), "Uma Miúda com Potencial" (5), "Nomadland - Sobreviver na América" (6), "O Pai" (6), "Os 7 de Chicago" (6), "Som do Metal" (6).
  • A maior festa do Cinema está a ser preparada como fosse uma produção cinematográfica, em direto da histórica Union Station de Los Angeles.
  • Evitando o Zoom, haverá ligações por satélite a Londres e Paris para discursos de vencedores que não estejam em Los Angeles.
  • Estão confirmados 15 apresentadores para o elenco do "filme": Angela Bassett, Halle Berry, Bong Joon-ho, Don Cheadle, Bryan Cranston, Laura Dern, Harrison Ford, Regina King, Marlee Matlin, Rita Moreno, Joaquin Phoenix, Brad Pitt, Reese Witherspoon, Renée Zellweger e Zendaya.
  • Os produtores são Steven Soderbergh, Stacey Sher e Jesse Collins (os dois primeiros foram respetivamente o realizador e produtora do filme "Contágio").
  • Apenas os nomeados (acompanhados por um convidado) e os apresentadores vão estar na Union Station.
  • A audiência máxima de público está limitada a 170 pessoas, em esquema rotativo. Ao chegarem, os nomeados receberão um itinerário personalizado a descrever os horários em que vão entrar e sair do local principal da cerimónia.
  • Pela primeira vez, as cinco canções nomeadas vão ser apresentadas no evento que antecede a cerimónia: serão pré-gravadas (quatro no novo museu da Academia ou no Dolby Theatre, e "Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga" num povoado pesqueiro da Islândia) e interpretadas na versão integral.
  • A cerimónia anual dos Governors Awards foi cancelada e não há Óscares honorários. Durante a cerimónia serão entregues dois Prémios Humanitários Jean Hersholt: ao ator, realizador, produtor e argumentista Tyler Perry (pelo trabalho em causas humanitárias e de justiça social) e à organização Motion Picture And Television Fund (pelos 100 anos de assistência a membros da indústria e às suas famílias).

Para os que não se queiram deslocar ou não consigam contornar as restrições às viagens, haverá um "hub central" em Londres (Inglaterra) e "hub-satélites" em Paris (França) e Roma (Itália), apenas para ligações para discursos de vencedores,  onde estarão pelo menos os nomeados dos filmes "O Pai" (incluindo Anthony Hopkins, Olivia Colman e o realizador e argumentista Florian Zeller), “A Ovelha Choné O Filme: A Quinta Contra-Ataca” e "Pinóquio".

Na operação dos produtores para evitar o "malfadado" zoom, parte da equipa do documentário de curta-metragem "Do Not Split", de que se falará mais à frente neste artigo, também ficará acessível por satélite num estúdio de televisão em Oslo (Noruega), enquanto um carro de exteriores estará à porta de casa na Suécia de um dos nomeados pela canção de "Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga".

Outras cidades foram descartadas como "hub-satélites": com todos os planos de viagem obrigatoriamente aprovados pelo consultor da Academia para a COVID-19, constatou-se que muitos nomeados se organizaram para estar em Los Angeles.

Cada nomeado só poderá levar um convidado e o par tem de levar documento de identificação e é considerado um "casulo", que não se pode separar e tem de estar sempre sentado. A ambos também foi pedido que evitassem comportamentos que possam resultar em risco de contágio nas duas semanas anteriores. Todos tiveram de ter três negativos esta semana e vão ter de fazer mais três no próprio dia da cerimónia.

A audiência máxima de público está limitada a 170 pessoas, em esquema rotativo: ao chegarem, os nomeados receberão um itinerário personalizado a descrever os horários em que vão entrar e sair do recinto principal da cerimónia. Sendo apresentado como um filme de três horas, os convidados só terão de usar máscara quando não estiverem frente às câmaras, nomeadamente nos intervalos e em rotação.

Outra diferença em relação aos anos anteriores é que apenas será permitido um discurso de agradecimento por categoria e o nome do porta-voz terá de ser submetido à organização com antecedência. Mas há uma compensação: a pessoa escolhida terá mais tempo para falar do que os habituais 45 segundos.

Óscares são Óscares: produtores da cerimónia avisam nomeados que não há zoom e roupa é formal
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Todo o programa antes e depois da cerimónia também será diferente: os convidados vão chegar não em limousines, mas carros utilitários ou sedãs, e a passadeira vermelha tão associada aos Óscares será, dizem os produtores, "minimalista" e projetada para conversas intimistas com os nomeados, evitando as tradicionais aglomerações: apenas com três fotógrafos e alguns jornalistas a fazer entrevistas.

Mas o glamour não pode faltar: os produtores deixaram o aviso de que não querem algumas das indumentárias que se viram nas cerimónias virtuais. "Formal é totalmente bom caso queira ir, mas casual não é tão bom", disseram.

Com a duração de 90 minutos, o evento "pre-show" ao ar livre com apresentação de Ariana DeBose ("Hamilton") e Lil Rel Howery ("Foge") também privilegiará entrevistas com os nomeados e a sua "jornada" até à grande festa do cinema, incluindo pela primeira vez a apresentação das cinco canções nomeadas, que serão pré-gravadas (quatro no novo museu da Academia ou no Dolby Theatre, e "Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga" num povoado pesqueiro da Islândia) e interpretadas na versão integral, ao contrário do que acontecia na cerimónia.

O programa posterior vai chamar-se "Oscars: After Dark", apresentado por Colman Domingo ("Ma Rainey: A Mãe do Blues") e Andrew Rannells ("The Prom"), que recapitulará os momentos inesquecíveis e os vencedores serão entrevistados pelo crítico Elvis Mitchell enquanto as suas estatuetas são personalizadas com os nomes e os respetivos filmes.

Óscares invisíveis: maioria das pessoas não ouviu falar dos nomeados para Melhor Filme

A pandemia acelerou e consolidou muito mais depressa o papel cada vez mais importante do streaming no panorama do entretenimento de Hollywood e os Óscares já refletem essa nova realidade, com a Netflix a ter 36 nomeações e a Amazon mais 12.

Mas os produtores da cerimónia vão ter um grande desafio para evitar uma forte erosão das audiências pois um estudo divulgado recentemente pela publicação Variety confirmou o que muitos desconfiavam: com a pandemia no centro da atualidade há mais de um ano e cinemas fechados ou a operar com capacidade reduzida, a maioria das pessoas (pelo menos nos EUA) não viu ou sabe quais os filmes que estão na corrida aos Óscares.

O facto de quase todos serem ou estarem disponíveis nas plataformas de streaming não se refletiu nos resultados, com a Variety a concluir que se tratam de "Óscares invisíveis".

Com dez nomeações, a liderança na lista dos Óscares é de "Mank", de David Fincher: Melhor Filme, Realização, Ator (Gary Oldman), Atriz Secundária (Amanda Seyfried), Direção Artística, Fotografia, Guarda-Roupa, Caracterização, Som e Banda Sonora (Trent Reznor e Atticus Ross, que também foram nomeados na categoria com Jon Batiste por "Soul - Uma Aventura com Alma").

De "Nomadland" nos cinemas a "Mank" no streaming. Onde e quando podemos ver os filmes dos Óscares?
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Mas a produção a preto e branco da Netflix sobre os bastidores da produção de "O Mundo a Seus Pés", de Orson Welles (1941), falhou nomeações pela Montagem e, mais crucial, Argumento Original (que seria a título póstumo para Jack Fincher, pai do realizador). A história ficar fora da corrida indica que o filme é respeitado pelos valores técnicos, mas, ao contrário de outros nomeados, não suscita tanta paixão.

Com um domínio quase absoluto dos prémios da indústria, Globos de Ouro e Critics Choice Awards, o grande favorito à vitória final chama-se "Nomadland - Sobreviver na América", que teve as seis nomeações esperadas: além de Filme e Realização, concorre para Atriz (Frances McDormand, que também pode ganhar como produtora), Argumento Adaptado, Fotografia e Montagem.

O filme sobre uma mulher que inicia uma existência nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada pelo "Midwest" dos EUA, após perder tudo na crise económica de 2008, o único dos nomeados para Melhor Filme sem ser das plataformas de streaming que chegou aos cinemas portugueses antes da cerimónia.

Para contrariar este favoritismo, "Os 7 de Chicago" (Netflix), também com seis nomeações, é visto como o concorrente mais sério, principalmente pelo prémio de Melhor Elenco do Sindicado dos Atores Americanos (conhecidos por SAG), o que mais se aproxima de Melhor Filme (e que, no ano passado, fez história ao ser atribuído a "Parasitas").

Ainda com seis nomeações estão “Som do Metal” (Amazon) e "Minari", "O Pai", mais uma do que "Uma Miúda com Potencial".

Dos nomeados para Melhor Filme para os cinemas, apenas "Judas e o Messias Negro" não tem estreia comercial confirmada em Portugal, apesar das seis nomeações. Ironicamente, o primeiro filme nomeado só com produtores negros e o mais conhecido no estudo da Variety (ainda que apenas para 46% dos inquiridos).

Duas nomeações históricas para Melhor Realização

Chloé Zhao ("Nomadland") e Emerald Fennell ("Uma Miúda com Potencial")

Quando Nick Jonas e Priyanka Chopra anunciaram as nomeações a 15 de março, o momento histórico de mais impacto foi o da inclusão de Chloé Zhao ("Nomadland") e Emerald Fennell ("Uma Miúda com Potencial") na categoria de Melhor Realização: é a primeira vez que duas mulheres entram na corrida e elas são apenas a sexta e sétima nomeadas na história dos Óscares (a única premiada foi Kathryn Bigelow por "Estado de Guerra", em 2009).

As duas são as representantes mais mediáticas da maior aproximação de sempre à paridade de género nos Óscares: 70 mulheres receberam 76 das 235 nomeações em 23 categorias competitivas, quase 32.3% do total.

A categoria dos realizadores inclui os esperados David Fincher ("Mank") e Lee Isaac Chung ("Minari"), mas Aaron Sorkin falhou a entrada por "Os 7 de Chicago": o ramo internacional entre os mais de 9362 membros da Academia voltou a causar impacto com a inclusão do dinamarquês Thomas Vinterberg por "Mais Uma Rodada" (que está nomeado para Melhor Filme Internacional).

Vencedora do prémio do Sindicato dos Realizadores (DGA) e de todos os prémios principais da categoria, Chloé Zhao é a grande favorita: nos 72 anos anteriores, apenas oito dos vencedores não conquistaram a seguir a estatueta dourada (foi o que aconteceu no ano passado, quando Sam Mendes ganhou por "1917" e o Óscar foi para Bong Joon-ho por "Parasitas").

Apesar de se adivinhar a provável vitória para a realizadora norte-americana de origem chinesa, o Departamento de Propaganda do Partido Comunista de China ordenou aos meios da imprensa estatal que minimizassem os Óscares e não transmitissem a cerimónia em direto.

Em causa estão alegados comentários críticos que fez sobre o país em 2013, que lhe têm valido ataques de nacionalistas nas redes sociais, e ainda a nomeação de "Do Not Split", um documentário de curta-metragem sobre os protestos pró-democracia de Hong Kong a que a imprensa estatal chinesa tem dedicado vários artigos críticos.

Nos atores quase tudo "decidido", nas atrizes aceitam-se todas as apostas

Muito zelosa da diversidade, principalmente desde as polémicas à volta dos #OscarsSoWhite, a imprensa norte-americana fez as contas à mais diversa lista de atores em 93 anos assim que foram anunciadas as nomeações: são nove "não brancos" nas 20 vagas das quatro categorias (o recorde estava nos sete em 2006 e 2016).

O prémio apontado como o mais seguro da noite será o de Melhor Ator a título póstumo para Chadwick Boseman por "Ma Rainey: A Mãe do Blues", que faleceu em agosto do ano passado; se assim for, será pela primeira vez desde que Heath Ledger ganhou como secundário por "O Cavaleiro das Trevas" em 2008; para Melhor Ator, não acontece desde 1976, quando Peter Finch ganhou por "Escândalo na TV".

Estão ainda nomeados Riz Ahmed (“Som do Metal”), Gary Oldman (“Mank”) e Steven Yeun ("Minari"), mas a existir uma surpresa, poderá vir de Anthony Hopkins ("O Pai"), o ator com mais idade de sempre na corrida nesta categoria (83 anos), que ganhou inesperadamente o prémio da Academia de Cinema e Televisão Britânica (BAFTA) e vários dos seus membros também integram a Academia dos Óscares.

Em contraste, a categoria mais incerta é a de Melhor Atriz: Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) ganhou o prémio de interpretação no Festival de Veneza, os Globos de Ouro optaram por Andra Day ("Estados Unidos vs. Billie Holiday”), os Critics Choice elegeram Carey Mulligan ("Uma Miúda com Potencial"), o Sindicato dos Atores Americanos (SAG) escolheu Viola Davis ("Ma Rainey: A Mãe do Blues") e o BAFTA foi para Frances McDormand (“Nomadland”). Sem eventos presenciais, é difícil perceber as tendências, mas as previsões apontam um ligeiro ascendente de Carey Mulligan.

Já entre os atores secundérios e apesar de ter a concorrência de LaKeith Stanfield pelo mesmo filme, Daniel Kaluuya é o favorito por “Judas e o Messias Negro”, onde concorre ainda com Leslie Odom, Jr. ("Uma Noite em Miami..."), Sacha Baron Cohen (“Os 7 de Chicago”) e Paul Raci ("Som do Metal").

Com os prémios SAG e BAFTA, Youn Yuh-jung, uma estrela no cinema da Coreia do Sul com importância comparável a Meryl Streep, inclinou a seu favor o favoritismo como Atriz Secundária por "Minari", mas com exceção de Olivia Colman (nomeada por "O Pai" e que ganhou há dois anos como protagonista em "A Favorita"), a estatueta pode ir parar sem escândalo a Maria Bakalova ("Borat, O Filme Seguinte"), Amanda Seyfried ("Mank") ou principalmente Glenn Close ("Lamento de uma América em Ruínas"), que vai na oitava nomeação desde 1982 sem ganhar (este ano, a proeza ainda é maior pois está nomeada pelo mesmo filme nos Razzies, os "Óscares" para os piores).

Não se vai repetir o feito de "Parasitas", mas Melhor Filme Internacional tem um claro favorito

Mais uma Rodada

Na categoria de Melhor Filme Internacional, de onde Portugal volta novamente a estar ausente com a candidatura de "Vitalina Varela", de Pedro Costa, o grande favorito à vitória é “Mais Uma Rodada”, da Dinamarca, que conquistou uma nomeação inesperada para Melhor Realização para Thomas Vinterberg.

Apesar das nomeações importantes, muitos fãs dos Óscares acham que devia ter entrado na corrida para Melhor Filme, Ator Principal (Mads Mikkelsen) e Argumento Original.

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Por uma linha ténue entre a comédia e as sombras, o filme acompanha as consequências do pacto de quatro professores dinamarqueses cansados do mundo que passam os dias embriagados numa "experiência" pouco científica, interpretados por quatro amigos e colaboradores de Vinterberg.

Com 12 nomeações que levaram a três vitórias (“A Festa de Babette”, “Pele, o Conquistador” e “Num Mundo Melhor”), a Dinamarca tem o maior histórico entre os cinco candidatos numa categoria com muito sangue novo. Uma quarta estatueta colocará o país ao lado de Espanha e Japão, e apenas atrás dos campeões Itália (14) e França (12).

A maior concorrência a "Mais Uma Rodada" parece vir de “Quo Vadis, Aida?”, de Alexander Nanau, um filme sobre os horrores da guerra na Bósnia que é a segunda nomeação de sempre do país na categoria.

À 36ª tentativa de chegar à nomeação, a Roménia finalmente entrou com “Collective - Um Caso de Corrupção”, que também acumula com a de Melhor Documentário de Longa-Metragem.

À sétima tentativa, a Tunísia também chegou à primeira nomeação, com “L'Homme qui a Vendu sa Peau”, de Kaouther Ben Hania.

Hong Kong conseguiu a terceira nomeação por “Better Days”, de Derek Tsang (após as nomeações de “Esposas e Concubinas” e “Adeus, Minha Concubina” na década de 1990), mas a cerimónia não vai ser transmitida no território pela primeira vez em mais de meio século.

Acredita-se que a decisão "comercial" da versão em inglês do canal TVB está relacionada com o mesmo boicote na China envolvendo a nomeação da curta-metragem "Do Not Split" e a cineasta Chloé Zhao.

Animações sem surpresas

Soul - Uma Aventura com Alma

Apesar da muita admiração por “Wolfwalkers”, a longa-metragem do estúdio irlandês Cartoon Salon lançada pela Apple, será um dos choques da noite se o 19.º Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação não for parar pela 11.ª vez à Pixar com "Soul - Uma Aventura com Alma".

Os Annies, atribuídos pela Sociedade Internacional de Cinema de Animação e popularmente considerados os "Óscares da Animação", já os distinguiram respetivamente como o Melhor Filme Independente e Melhor Filme a 16 de abril.

Para "'Bora Lá" (também da Pixar), “Para Além da Lua” (Netflix) e “A Ovelha Choné O Filme: A Quinta Contra-Ataca” (Aardman Animations) fica a honra da nomeação, como se costuma ouvir dizer neste tipo de eventos.

Na categoria de Curtas-Metragens de Animação, a Pixar é o único representante dos grandes estúdios norte-americanos, com “Burrow”, com os restantes quatro filmes a virem da arena independente e com assinalável percurso pelos festivais, com o favoritismo a recair em “If Anything Happens I Love You” da Netflix, o mais elogiado de todos.

Nenhum filme deverá ganhar mais do que quatro estatuetas

Ma Rainey: A Mãe do Blues

Com oito candidatos a Melhor Filme e apenas "Mank" a destacar-se num grupo muito "empatado" nas nomeações, acredita-se que os mais de nove mil membros da Academia voltem a dividir muito as estatuetas, uma tendência que se vem consolidando nos últimos anos.

De facto, o último Melhor Filme "papa-Óscares" foi "Quem Quer Ser Bilionário?" (2008), com oito estatuetas, e desde então o único que se aproximou foi "Estado de Guerra" (2009), com seis. A seguir, mas sem ganhar Melhor Filme, os maiores fenómenos foram "Gravidade" (2013), com sete, e "Max Max: Estrada da Fúria" (2015) e "La La Land: Melodia de Amor" (2016), com seis cada.

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Além de Melhor Filme e Realização, "Nomadland" pode aspirar às estatuetas de Fotografia e Argumento Adaptado, embora na primeira tenha a concorrência de "Mank" e na segunda ainda mais de "O Pai", que dificilmente conseguirá ter hipóteses nas outras cinco categorias em que concorre.

Apesar das dez nomeações, a estatueta mais segura de "Mank" parece ser apenas a da Direção Artística e, como referido, talvez a da Fotografia.

Apesar do ligeiro favoritismo de Carey Mulligan por "Uma Miúda com Potencial", a grande hipótese para o filme é na categoria de Argumento Original, tanto mais que Emerald Fennell deverá perder a estatueta da Realização para Chloé Zhao. Mas atenção: não se deve colocar de parte a hipótese de Aaron Sorkin ser premiado por "Os 7 de Chicago", dez anos depois de ter ganho o de Argumento Adaptado por "A Rede Social".

"Som do Metal" parece ter garantido o Óscar de Melhor Som e adivinha-se uma disputa acérrima com "Os 7 de Chicago" na categoria de Montagem.

Das seis nomeações que ambos têm, "Minari" e "Judas e o Messias Negro" provavelmente ficarão pelas estatuetas para os atores secundários, respetivamente Youn Yuh-jung e Daniel Kaluuya.

Fora dos nomeados para Melhor Filme e compensando a desilusão de não ter sido nomeado, "Ma Rainey: A Mãe do Blues" poderá ser um dos mais premiados da noite: os prognósticos apontam para Melhor Ator (Chadwick Boseman), Guarda-Roupa e Caracterização, sem excluir que Melhor Atriz vá para Viola Davis, que se tornou a atriz negra mais nomeada de sempre.

Ao Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, "Soul" deverá juntar o da Banda Sonora.

Melhor Canção acredita-se que será decidido entre "Uma Noite em Miami..." ou "Uma Vida à Sua Frente", com "Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga" à espreita.

"Tenet" para os Efeitos Visuais e "A Sabedoria do Polvo" para Documentário são outras previsões seguras para a noite com que Hollywood quer relançar filmes e incentivar o regresso aos cinemas.

SAPO com cobertura especial dos Óscares

A Caminho dos Óscares - Destaque

Para o dia 25 de abril o SAPO preparou uma cobertura especial dos Óscares, que começará logo na manhã de domingo com uma série de conteúdos de antevisão e prosseguirá pela madrugada dentro (de domingo para segunda-feira) com acompanhamento ao minuto a partir das 22h00, atualização de todos os vencedores e análise dos principais acontecimentos, da passadeira vermelha até à cerimónia. Tudo isto, numa área especial dedicada ao tema no SAPO Mag e em www.sapo.pt.

Catarina Furtado e Mário Augusto vão acompanhar a cerimónia dos Óscares na RTP
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Paralelamente a este acompanhamento, o SAPO promoverá na sua página de Instagram, a partir das 22h00, uma emissão em direto conduzida pelo crítico de cinema Rui Pedro Tendinha (Cinetendinha) e pela atriz Sílvia Rizzo, por onde passarão uma série de figuras do showbiz para comentários durante a noite dos Óscares. Serão conversas divertidas, ligeiramente caóticas, totalmente cinéfilas, mas sempre com um humor orgânico.

A lista de convidados conta com os atores Joaquim de Almeida, Victoria Guerra, Lúcia Moniz, Sónia Balacó, Pedro Hossi, Manuel Marques, Lourenço Almeida, Filipe Vargas, Marta Gil e Francisco Froes. Estarão também presentes a realizadora Ana Rocha de Sousa, o mágico Helder Guimarães (a partir de Los Angeles), os apresentadores Fernando Alvim, Maria João Rosa e Sara Ribeiro, o mentalista João Blummel e o diretor de Informação do SAPO Mário Carneiro.

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