O realizador Doug Liman está na Ucrânia para ajudar a documentar a guerra naquele país com a Rússia.

"Faço filmes sobre pessoas normais em circunstâncias extraordinárias e existem aqui 40 milhões de histórias assim", explicou esta quinta-feira em direto de Kyiv para o programa Good Morning America o realizador do primeiro filme "Jason Bourne" com Matt Damon ("Identidade Desconhecida") e que é um dos homens de confiança de Tom Cruise (trabalharam juntos em "No Limite do Amanhã" e "Barry Seal", e preparam-se para rodar um filme no espaço).

Sendo de origem judaica e com a Páscoa a aproximar-se, "em que celebramos as pessoas a escapar da escravidão e da opressão", Doug Liman diz que sentiu que era melhor ir para Ucrânia e ver o que podia fazer em vez de ficar em Nova Iorque.

Apesar dos filmes com Damon e Cruise, foi outro trabalho, que juntou Brad Pitt e Angelina Jolie como um casal de assassinos profissionais, que trouxe vantagens inesperadas.

"Como não trabalho para uma grande agência de notícias e 'Mr. e Mrs. Smith' [2005] é muito popular aqui, tive a possibilidade de ir a locais onde talvez não seja seguro irem os jornalistas", revelou.

O realizador especificou que viajou até à linha da frente da guerra... com soldados americanos.

"A América não pode colocar tropas na Ucrânia por razões que foram anunciadas, mas isso não quer dizer que não estejam a vir cá soldados americanos, portanto viajei com alguns até às linhas da frente que estão a trazer tecnologia às forças especiais ucranianas. E consegui estar lá no terreno a vê-los [as forças ucranianas] a conduzir uma operação atrás das linhas do inimigo", revelou.

UM EXCERTO DA ENTREVISTA.

"As pessoas aqui na Ucrânia são extraordinárias", elogiou na entrevista, mas também nas redes sociais.

"Na baixa de Kyiv. Milhares de pessoas em fila à espera. Comida? Não. Para comprar os selos 'Rússia, vai-te f****'".

"Adoro os ucranianos - eles pintaram todos os seus sinais de trânsito para que os russos não pudessem encontrar Kyiv".

Ao Good Morning America, o realizador falou do impacto do encontro com a sogra de um soldado ucraniano que, juntamente com as tarefas habituais do dia-a-dia, se dedica a fazer cocktails Molotov.

"Como é que a Rússia pode esperar dominar este país quando as avós têm duas caixas de cocktails Molotov num barracão?", perguntou.