A décima edição do festival, hoje apresentada, terá duas novas secções, sendo uma delas - Cinema de Urgência - focada no documentário que «vai testemunhar os acontecimentos de forma muito direta e implicada», explicou
Susana de Sousa Dias.

É uma secção não competitiva que mostrará o cinema como «ato de cidadania», quando as pessoas pegam numa câmara e filmam o que se passa à sua volta, referiu a realizadora que integra a nova direção, dando como exemplo os filmes que foram feitos na «primavera árabe», na Grécia ou - num registo mais próximo - na ocupação da escola da Fontinha, no Porto.

A outra secção nova do DocLisboa, intitulada Verdes Anos, será dedicada à produção de cinema documental nas escolas, «dando voz e visibilidade aos cineastas ainda em formação», referiu Cinta Pelejà, outra das diretoras do festival.

A próxima edição do festival terá uma direção partilhada entre quatro pessoas: Susana de Sousa Dias, Ana Jordão, Cinta Pelejà e Cíntia Gil. «Assumimos como um coletivo de trabalho com uma determinada forma de pensar, de operar, assumindo que esta forma coletiva de trabahlar é também uma proposta política», afirmou Susana de Sousa Dias.

Mantêm-se as competições nacional e internacional de curtas e longas-metragens, as secções Riscos, Investigações e Heart Beat.

Este ano, nas retrospetivas, uma delas será dedicada à realizadora belga
Chantal Akerman, que questiona a relação do documentário com outras artes, e outra será focada no cinema coletivo feito a partir das convulsões sociais e políticas de maio de 1968, comissariada pelo crítico italiano
Federico Rossin.

«Estamos muito cientes que o cinema e o documentário devem ser pensados na sua vertente artística, mas também política. Estamos num momento de crise internacional, crise nacional e estamos muito atentas ao lugar do documentário nestes momentos tão particulares», referiu Susana de Sousa Dias.

A nova direção referiu que um dos momento particulares é o atual estado do cinema português - quando se aguarda a aprovação de uma nova lei- e que «existe um ataque ideológico» à ideia de que o Estado deve apoiar a cultura, referiu Cíntia Gil.

O DocLisboa decorrerá de 18 a 28 de outubro e a programação completa será apresentada na íntegra em setembro. Este ano o orçamento será 20 por cento mais baixo do que na edição anterior, mas a organização - a cargo da associação Apordoc - procura ainda parceiros.