A Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) traçou um plano de retoma para o retalho onde propõe um apoio superior a 40% nas rendas dos equipamentos de lazer e culturais, como os cinemas, até final do ano.
A medida faz parte do plano de retoma do retalho que a APCC está a debater com outras associações do setor e que espera apresentar ao Governo e partidos políticos, documento a que a Lusa teve acesso.
A APCC sublinha que “a cultura é um dos setores mais afetados pela crise” com os cinemas a registarem perdas de 91% de março de 2020 a março de 2021, pelo que propõe “um apoio superior a 40% na renda até ao final do ano com a possibilidade destes apoios serem convertidos em benefícios fiscais”.
No documento, a associação refere que os centros comerciais têm 320 salas de cinema, fora de Lisboa e Porto que, “na maior parte dos casos, são as únicas salas de cinema nos respetivos concelhos”.
O apoio deverá abranger também os equipamentos de lazer, que foram “especialmente” afetados pela crise causada pela pandemia de covid-19, defende a APCC.
A associação sugere ainda um apoio de rendas a lojistas locais “proporcional à quebra nas vendas até ao final de 2021 para operadores, especialmente aqueles que não tenham componente 'online', e a pequenos operadores (com menos de três lojas), com a possibilidade destes apoios serem convertidos em benefícios fiscais”.
Para a APCC, é também importante que os lojistas dos centros comerciais sem presença online “possam ser discriminados positivamente nos planos de marketing dos próprios centros comerciais onde se encontram através do apoio na criação e divulgação de materiais e conteúdos próprios”.
A implementação de novos métodos de pagamento, entre os quais a tecnologia ‘contactless’ e o pagamento por 'smartphone', a realização de campanhas conjuntas que promovam o regresso ao retalho físico e a criação de uma incubadora de retalho são outras das propostas que a associação quer ver implementadas no curto prazo.
O plano de retoma do retalho integra ainda medidas de médio prazo que assentam na transição digital, requalificação física de espaços e requalificação dos recursos humanos.
No documento, a APCC frisa que “as mudanças trazidas pela pandemia refletidas na aceleração brusca do comércio 'online' são demasiadamente radicais para serem acomodadas num curto espaço de tempo, beneficiando claramente os ‘gatekeepers’ internacionais implantados”.
Para a associação, com a reabertura da economia, “torna-se premente criar soluções conjuntas de apoio ao retalho físico, que sejam sustentáveis, caminhem de novo no sentido do omnicanal, e tenham o consumidor e o emprego como os principais focos, com vista a trazer sustentabilidade a um setor muito fustigado neste período”.
Uma estratégia integrada de retoma do retalho terá de distinguir dois tipos de retalhistas: “aqueles que já avançaram no processo de digitalização do seu negócio e aqueles que não o fizeram”, defende a APCC.
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