Com as estrelas e executivos da indústria do cinema indiano, que celebra mais um ano extraordinário, incluindo grandes mercados como o chinês, Bombaim será o palco esta quarta-feira da cerimónia dos "Óscares" de Bollywood, o que acontece pela primeira vez na Índia em 20 anos.
Com quase 1.800 títulos lançados em 2018, o país asiático é o maior produtor de filmes no mundo em volume de longas-metragens.
A indústria cresceu 12,2% em 2018, incluindo não apenas filmes em hindi, mas também produções em línguas regionais, como tâmil ou telugu, de acordo com um relatório divulgado em março pela consultora Ernst & Young e a Federação de Câmaras de Comércio e Indústria indianas.
Os prémios da Academia Internacional de Cinema da Índia (IIFA) acontecem numa cidade do mundo diferente em cada ano. A grande diáspora indiana na América do Norte, Grã-Bretanha e na região do Golfo tem sido tradicionalmente o seu maior mercado internacional.
As estreias dos grandes sucessos de Bollywood na América do Norte e na Grã-Bretanha são habitualmente espetaculares, com muitos fãs a esperar horas para ver estrelas como Shah Rukh Khan.
Mas as produções indianas também triunfaram noutros mercados, sobretudo na China.
A comédia de humor negro "Andhadhun", por exemplo, nomeada na categoria de melhor filme do IIFA, fez muito sucesso na China, onde arrecadou quase 50 milhões de dólares.
Aamir Khan, estrela de dois grandes êxitos de bilheteira indianos na China, tem muitos fãs no país, onde é conhecido como "Nan Shen" ["Deus Homem"].
O produtor Akshaye Rathi explicou à AFP que a indústria está a experimentar um "grande crescimento" em vários países europeus, assim como no Canadá, Nova Zelândia e Singapura, graças principalmente à diáspora indiana.
"Agora é apenas uma questão de tempo antes de nos concentrarmos na população geral destes países", afirmou.
Tudo isto sem esquecer, claro, os 1,3 mil milhões de habitantes da Índia.
De acordo com a Ernst & Young, as receitas da indústria cinematográfica aumentarão de 174,5 mil milhões de rupias (2,4 mil milhões de dólares) em 2018 para 236,1 mil milhões de rúpias em 2021.
Cinema indiano com grande vitalidade criativa
As outras produções nomeadas para melhor filme no IIFA - o "thriller" de espiões "Raazi", o épico "Padmaavat" e a tragicomédia sobre a maternidade "Badhaai Ho" - mostram que Bollywood deixou para trás o cliché de que as personagens apenas cantam e dançam em todos os filmes.
A indústria do cinema também beneficiou-se do financiamento institucional e dos novos talentos, que contribuíram para diversificar a produção e ajudaram a alcançar uma audiência mais ampla, principalmente mais jovem.
Apesar do receio inicial, o sucesso do Netflix e de plataformas de "streaming" locais, como o Hotstar, teve efeitos positivos na indústria, com novos meios para a estreia de filmes e a injeção de dinheiro noutras produções.
Além disso, ao contrário do que acontece com as estreias convencionais, estes filmes não passam pelo organismo de censura indiano.
Amazon Prime e Netflix estão mesmo entre os maiores compradores de direitos digitais no país e estes gigantes do "streaming" também começaram a investir em grandes produções indianas.
A Netflix contratou as estrelas de Bollywood Nawazuddin Siddiqui e Saif Ali Khan para a série "Jogos Sagrados".
Na semana passada, a empresa americana anunciou um acordo com Karan Johar, um dos maiores produtores de Bollywood, para a criação de filmes e séries exclusivamente para a plataforma.
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