O Cinema Ideal, em Lisboa, reabre quinta-feira, e as primeiras sessões diárias do Cinema Ideal vão ser repartidas entre a estreia do premiado documentário
«E Agora? Lembra-me», de
Joaquim Pinto, e a nova versão digital de
«A Desaparecida», de
John Ford, clássico do cinema norte-americano, com John Wayne, Jeffrey Hunter e Natalie Wood,
eleito um dos dez melhores filmes de sempre, pela revista Sight and Sound, do British Film Institute. «A Desaparecida» ocupa as sessões das 13h30 e 19h00. «E Agora? Lembra-me» é apresentado às 15h45 e 21h15.

O documentário, uma visão pessoal do realizador sobre a convivência com a sida e a hepatite C, foi distinguido, no ano passado, no Festival de Locarno, na Suíça, com o Prémio Especial do Júri, o Prémio da Crítica e o Prémio Júri Jovem, abrindo uma lista de distinções que se estendem a outros festivais, como o DocLisboa, o Cineport, no Brasil, os Encontros Internacionais do Documentário de Montréal, e os festivais de Cartagena de Índias, na Colômbia, e do Chile e da Argentina, entre outros.

A recuperação da sala de cinema mais antiga da capital (foi inaugurada em 1904, três anos antes do Animatógrafo), que já foi Salão Loreto, Salão Ideal, depois Cinema Ideal, Cine Camões e Cine Paraíso, foi anunciada em dezembro de 2013 pelos promotores - a distribuidora Midas Filmes e a Casa da Imprensa, proprietária do edifício -, e as instalações foram reconstruídas e renovadas, ao longo dos últimos meses.

Para a programação do primeiro mês desta sala lisboeta, está igualmente prevista a estreia, a 11 de setembro - mês em que o Cinema Ideal cumpre 110 anos -, do filme «Os Maias», de João Botelho, na versão longa de realizador que, segundo o responsável da Midas Filmes, Pedro Borges, será um exclusivo do Cinema Ideal.

Numa parceria com a Cinemateca, herdeira dos filmes de Paulo Rocha (1935-2012), o novo espaço cultural irá também exibir a derradeira longa-metragem do realizador, intitulada «Se eu fosse Ladrão, roubava», filme apresentado em 2013 em antestreia mundial no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde o cineasta foi homenageado.

Na altura, o atual diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, disse à agência Lusa que o filme tem uma «característica testamental», sem «nada de nostálgico». «É também um filme sobre o país, sobre a cultura, sobre a identidade».

O projeto de recuperação do Cinema Ideal, do arquiteto José Neves (Prémio Valmor 2011 e Prémio Secil de Arquitetura 2012), custou cerca de 500 mil euros, incluindo o equipamento.

O Cinema Ideal, localizado na rua do Loreto, à praça Camões, entre o Chiado e o Bairro Alto, em Lisboa, tem perto de 200 lugares, uma cafetaria, uma livraria e vai estar aberto cerca de 14 horas por dia. Ao fim de semana terá sessões para famílias.