O realizador e artista visual canadiano Michael Snow estará no sábado em Lisboa para o começo da primeira retrospetiva integral da sua obra cinematográfica, em Portugal, organizada pela Cinemateca Portuguesa.
O ciclo contará com 25 filmes, feitos entre 1956 e 2008, que correspondem a toda a produção cinematográfica de Michael Snow, de 90 anos, excluindo-se o trabalho artístico criado para contexto expositivo.
Esta retrospetiva na Cinemateca acontece um ano depois de este nome histórico do cinema experimental, da música e das artes visuais ter estado em Portugal por causa de uma exposição - "O Som da Neve" - que a Culturgest lhe dedicou.
Na Cinemateca será apresentada até ao final do mês, em alguns casos em primeira exibição, uma obra cinematográfica que revela uma "relação particular entre imagem, tempo e espaço" e questiona "permanentemente a natureza do cinema, colocando em causa" as perceções e hábitos dos espectadores, refere o museu do cinema.
Entre eles estão, por exemplo, "Wavelength", de 1967, um filme que "assenta num longo 'zoom' descontínuo, que parte do plano geral do interior de um apartamento para se deter numa fotografia afixada na parede, sendo interrompido pela entrada e saída de algumas personagens", descreve a Cinemateca.
"A experiência da duração, o jogo entre o dentro e o fora de campo, a vertente levemente narrativa e a 'falsidade' do 'plano único' fazem de 'Wavelenght' um caso único na história do cinema", lê-se na nota de imprensa.
Da programação, destaque ainda para "Breakfast (tabel top dolly)", de 1976, que parodia "Wavelenght", com um movimento único de câmara que destrói tudo o que encontra numa mesa de pequeno-almoço, e "REVERBERLIN", de 2006, que remete para um concerto do Canadian Creative Music Collective, grupo dedicadoo à improvisação do qual Michael Snow fez parte.
Além da abertura do ciclo, Michael Snow estará presente na Cinemateca numa conversa com o público, na terça-feira, acompanhado de Peggy Gale, curadora e ensaísta, uma das responsáveis pelo projeto "Digital Snow", sobre as várias facetas da obra do artista canadiano.
Com um percurso que atravessa as artes visuais, utilizando os mais variados suportes – pintura, escultura, fotografia, filme e vídeo –, a prática artística de Michael Snow estende-se à música improvisada, ao cinema experimental e à instalação sonora.
Em 2018, a propósito da exposição "O Som da Neve" na Culturgest, dedicada ao trabalho fílmico, videográfico e sonoro de Michael Snow, o curador Delfim Sardo referia que os filmes dele são "referências incontornáveis da cinematografia experimental contemporânea".
Na altura, Michael Snow deu um concerto de piano a solo.
Comentários