O conto de fadas da gata borralheira nunca pareceu tão real. A Cinderela volta a ganhar vida, desta vez abandonando a versão animada, passando a ter personagens de carne e osso.

Ella (Lily James) é uma jovem bela e bondosa que ficou órfã e a cargo da sua madrasta, Lady Tremaine (Cate Blanchett). Acaba por tornar-se uma criada dela e das suas meias-irmãs (Holliday Grainger e Sophie McShera), mas continua a não perder o ânimo.

Entretanto, o palácio faz um convite para que todas as donzelas do reino compareçam a um baile real, no qual o príncipe (Richard Madden) irá escolher a sua noiva. Ella não poderá ir ao baile, a não ser que conte com a ajuda de uma fada-madrinha (Helena Bonham Carter) muito especial.

A adaptação é quase uma cópia literal do filme de animação da Disney de 1950, o que poderá revelar alguma falta de originalidade e criatividade. Há, todavia, uma diferença significativa: Ella conhece o príncipe antes do baile e é nesse momento que os dois se apaixonam um pelo outro, mesmo sem saberem as suas verdadeiras identidades. Contudo, continua a verificar-se pouca exploração das personagens secundárias, que apenas orbitam à volta da protagonista.

De resto, o argumento segue a mesma linha, sendo, neste sentido, uma oferta cinematográfica menos irreverente se compararmos com «A Branca de Neve e o Caçador» (2012) ou «Maléfica» (2013). A narrativa é linear, tal como a realização de Kenneth Branagh, que cumpre a sua função sem deslumbrar. Já a direcção artística e o guarda-roupa são elementos detalhados e bem concretizados.

A abrilhantar a obra está Cate Blanchett, que rouba todas as cenas em que participa, apesar de ser a má da fita. Os restantes actores têm desempenhos regulares e pouco se destacam. O que se evidencia, de facto, na obra são os efeitos especiais, dignos de realeza, que atribuem uma nova alma a um conto já tão conhecido.

«Cinderela» decerto fará suspirar algumas jovens com a história de amor em que a bondade e a coragem são os elementos-chave para o sucesso. Iridescente e leve, a obra tem também alguns momentos divertidos, tirando partido das características únicas da narrativa. E não se esqueça: esteja atento à última badalada da meia-noite.

3,5 em 5
TATIANA HENRIQUES


REVISTA METROPOLIS