A criação do Óscar para o "filme mais popular" foi mesmo provocada pelo declínio nas audiências da cerimónia.

O comunicado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que anunciou a decisão a 8 de agosto mencionava apenas que o objetivo era "manter os Óscares e a Academia relevantes num mundo em mudança".

Segundo a publicação Variety, durante um evento da organização realizado no festival EnergaCamerimage em Bydgoszcz, na Polónia, o presidente da Academia reconheceu que a controversa nova categoria foi uma resposta direta à fuga de espectadores da cerimónia.

John Bailey também recordou que foram atribuídas duas estatuetas para Melhor Filme no primeiro ano dos Óscares em 1929, para um sucesso de bilheteira ("Asas", de William Wellman) e um reconhecimento artístico ("Aurora", de F.W. Murnau).

Normalmente, apenas o primeiro surge nas compilações dos vencedores do Óscar de Melhor Filme.

A nova categoria existiu apenas 29 dias: a 6 de setembro, a organização cancelou-a "temporariamente", reconhecendo que precisava ser mais estudada internamente após as reações negativas da comunicação social, espectadores e personalidades dentro da própria indústria.

De "decisão preguiçosa" às críticas pela criação de uma categoria de "gueto", como se os filmes populares não fossem suficiente bons para serem nomeados ou ganharem Óscares, ou considerar a categoria um pretexto para dar um prémio a "Black Panther", atores, jornalistas e fãs incendiaram as redes sociais.

Na Polónia, John Bailey defendeu que ter dois prémios outra vez "pareceu uma boa ideia, foi aprovada e anunciada pelo Conselho [de Governadores, com representantes de vários ramos profissionais do cinema], mas recebemos muitas reações negativas".

Acrescentou que a ideia não está morta "apesar de ter levado uma estaca no seu coração" porque ainda existe interesse.

Já Carol Littleton, representante no Conselho de Governadores pelo ramo da Montagem, falou especificamente sobre um problema que  Academia enfrenta: hoje em dia, muitos dos filmes mais pequenos e artísticos, como os recentes vencedores "A Forma da Água" e "Moonlight", não têm uma "grande distribuição [nas salas de cinema], portanto as audiências televisivas não viram muitos dos títulos nomeados".

John Bailey afirmou que tem esperanças que a próxima cerimónia vá ter um leque de nomeados mais diversificado, destacando "Black Panther" e "dois filmes artísticos a preto e branco sem cedências", o candidato da Polónia ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro "Guerra Fria" e ainda o vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza "Roma", de Alfonso Cuáron.

"Vai ser interessante ver como é que vai correr. Pode dar-nos uma perspetiva melhor de como seguir em frente", acrescentou.

A próxima cerimónia será a 24 de fevereiro de 2019.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.