A caminho dos
Óscares 2025
O prodígio de Hollywood na pele do ícone folk: Timothée Chalamet agarra na guitarra de Bob Dylan no muito aguardado filme que evoca os primeiros passos de um dos mais icónicos cantautores de sempre.
Após as boas reações da crítica, "A Complete Unknown" chega aos cinemas portugueses na quinta-feira, reforçado por oito nomeações para os Óscares, nomeadamente para Melhor Filme, Realização, Ator Principal e Atores Secundários (Edward Norton e Monica Barbaro).
“Fiquei com um pouco de medo que se tornasse mais um 'biopic' de Hollywood”, confidenciou à France-Presse o ator sobre este papel, em que ele próprio canta os maiores sucessos de Dylan, de 'Blowin' in the Wind' a 'The Times They Are A-Changin’'.
O filme com 140 minutos é de James Mangold, que já dirigira outra célebre biografia musical, “Walk The Line” (2005), com Joaquin Phoenix no papel de Johnny Cash, mas também os mais recentes “Indiana Jones e o Marcador do Destino" (2023) e
“Le Mans '66: O Duelo” (2019).
Longe da loucura gentil de "I'm Not There - Não Estou Aí", de Todd Haynes, lançado em 2007, no qual seis atores diferentes interpretaram Dylan, este "A Complete Unknown" preenche os requisitos mais clássicos do filme de fã, bem documentado.
Mangold optou por se focar no início da década de 1960, os primeiros anos de carreira, desde a sua chegada a Nova Iorque com uma guitarra às costas, os seus primeiros passos com grandes nomes do folk como Pete Seeger (interpretado por Edward Norton) e ao lado de Joan Baez (Monica Barbaro).
“Entrámos realmente neste mundo da década de 1960... Ignorámos completamente os modos de vida (modernos), como os telefones e coisas do género, qualquer coisa que nos pudesse distrair”, recordou Timothée Chalamet sobre a rodagem.
No início de Dylan, “há muito poucos arquivos de vídeo disponíveis, há apenas algumas demos, portanto há uma certa liberdade” para interpretar a personagem, lembrou.
Nostalgia
O filme marca uma nova etapa na ascensão do ator de 29 anos com 20 milhões de seguidores no Instagram.
Revelado por “Chama-me Pelo Teu Nome” (2017), de Luca Guadagnino, ele também é Paul Atreides, protagonista da saga de ficção científica “Dune - Duna” (2021-2024), de Denis Villeneuve.
Antes da harmónica e a guitarra de Dylan, já mostrara o seu talento vocal no musical "Wonka" (2023).
Génio artístico, bastante limpo nesta produção de um estúdio subsidiário da Disney, o seu Dylan não esconde completamente o seu lado sombrio. A de um jovem criador atormentado e a semente de uma estrela que nunca chegará à glória, implacável com as mulheres com quem se relaciona, incluindo a primeira namorada, interpretada por Elle Fanning.
Foi esse elemento de mistério em Dylan, hoje com 83 anos, que atraiu o realizador.
"Dylan adora música e adora partilhá-la, mas não gosta de ter que responder a perguntas sobre isso. A sua música é o seu dom", disse Mangold à AFP.
E acrescentou: "Dylan escreveu 55 álbuns cheios de música pessoal. Mas as pessoas ainda dizem que ele é misterioso."
A carga política das 'canções de protesto' da época também está presente no ecrã, tendo como pano de fundo a luta pelos direitos civis.
O que deixa Chalamet nostálgico numa altura em que Donald Trump regressou à presidência dos EUA?
“Se há nostalgia, penso que é porque, nos anos 1960, este tipo de música e artistas como Bob Dylan, Joan Baez ou [o escritor] James Baldwin não tinham precedentes”, respondeu à AFP.
“Hoje em dia há um cinismo mais forte. Para a geração jovem americana, francesa e também global, os obstáculos são talvez mais intensos do que na década de 1960, os ambientais ou políticos”, refletiu.
TRAILER.
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