O documentário “Mar Urbano Lisboa”, que está a percorrer festivais internacionais dedicados ao ambiente, pretende alertar para a importância dos recursos do estuário do rio Tejo, chamando a atenção para as alterações climáticas, numa “perspetiva positiva”, segundo o realizador.

“A ideia é que este documentário se projete no futuro e seja um debate, seja, de alguma forma, o ponto de partida para um debate alargado sobre o Tejo e sobre o estuário do Tejo, e também sobre os caudais, já que esse tema é recente”, realçou hoje à Lusa José Vieira Mendes, também jornalista.

Rodado no verão de 2018, o filme ambiental cria uma relação entre a cidade de Lisboa e o rio Tejo, segundo o realizador, focando desde a biodiversidade marinha às pessoas.

“Nós não quisemos fazer um filme de denúncia. Quisemos fazer um filme sobre essa relação da cidade com o rio e sobre esse ecossistema que é o estuário do Tejo, que envolve, além de espécies marinhas, pessoas”, apontou.

José Vieira Mendes referiu ainda que a produção, que tem uma duração de 42 minutos, contou com a cooperação de ambientalistas, como Francisco Ferreira, da Associação Zero.

“A ideia foi mergulhar no rio e ver as espécies marinhas e, por outro lado, falar com algumas das pessoas que intervêm diretamente e que dependem dos recursos do rio”, indicou.

Questionado sobre se o filme foi pensado também pelos problemas dos caudais – um tema que tem estado em destaque devido à seca e à discussão sobre a gestão conjunta do Tejo, com Espanha -, o jornalista contou à Lusa que o documentário não foi feito a pensar nessa problemática.

“A questão dos caudais é uma questão recente que tem a ver com a escassez de água e também com as alterações climáticas”, salientou, adiantando que, em 2018, “não se colocava esse problema”.

De acordo com o realizador de “Mar Urbano Lisboa”, a produção não atentou sobre este problema, durante a rodagem, uma vez que no verão as águas estão mais limpas.

José Vieira Mendes revelou também que o trabalho cinematográfico não pretende ser polémico, mas sim uma chamada de atenção para as ameaças do estuário do Tejo, com o objetivo de estabelecer discussão na sociedade.

“O filme não fala só de Lisboa, fala da Aérea Metropolitana de Lisboa. Fala do Montijo, do Seixal, de Almada [distrito de Setúbal] e de Oeiras [Lisboa]. Fala do estuário onde, de facto, o rio toca”, observou, acrescentando que gostaria que “os autarcas ficassem sensibilizados para ver o filme”.

Segundo o realizador, o filme foi feito para motivar discussão entre os políticos e a sociedade civil, que tem “um bocadinho de ambientalista”.

O documentário ambiental foi produzido pelo jornalista José Vieira Mendes e pelo biólogo Ricardo Gomes.

A obra estreou-se em 14 de setembro no Oceanário de Lisboa, para os participantes da Conferência “O Futuro do Planeta”, organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Até agora, o “Mar Urbano Lisboa” já passou por festivais internacionais dedicados ao tema do ambiente e crise climática, como o Kuala Lumpur Eco Film Festival (Malásia) e a 64.ª edição da Semana Internacional de Cine de Valladolid (Espanha), em 10 de outubro, onde foi selecionado para concorrer à Espiga Verde na secção “Cine & Cambio Climático”.