Morreu John Amos, que se celebrizou como uma das raras e grandes estrelas negras da TV americana na década de 1970.

A sua morte a 21 de agosto, aos 84 anos e de causas naturais, foi confirmada pela sua relações públicas na terça-feira.

Nascido em Newark (Nova Jérsia) a 27 de dezemmbro de 1939, Amor começou por ser jogador profissional de futebol americano antes de virar a atenção para a representação.

Como era habitual na década de 1960, as primeiras experiências foram no teatro, com alguns papéis na Broadway, e como ator convidado em algumas séries, até à revelação durante três temporadas na série de comédia "The Mary Tyler Moore Show" como o meteorologista de uma estação televisiva de Minneapolis (literalmente a personagem chamava-se Gordy the Weatherman).

A partir de 1974, Amos ficou imortalizado e tornou-se uma estrela com o papel de James Evan Sr., o rígido patriarca da família em "Good Times", uma das pioneiras séries de comédias na década de 1970 de Norman Lear que libertaram a TV americana do seu conservadorismo, abordando temas sociais e progressistas que eram naquela altura praticamente tabu.

"Good Times"

Apesar do sucesso, só ficou nas duas primeiras temporadas, saindo em 1976.

“Senti que sabia mais sobre o que uma família negra deveria ser e como um pai negro agiria do que os nossos argumentistas, nenhum dos quais era negro. A ideia deles sobre o que uma família negra deveria ser e o que seria um pai negro era totalmente diferente da minha, e a minha estava cimentada na realidade” , diria numa entrevista em 2020.

Logo a seguir, foi uma interpretação dramática que comoveu os espectadores da época e valeu uma nomeação para os Emmys, na aclamada minissérie "Raízes", a grande saga histórica que passava pelos séculos XVIII e XIX e se tornou um fenómeno cultural em janeiro de 1977, como o do adulto Kunta Kinte, o negro livre forçado a trabalhar como escravo nos EUA.

"Raízes"

Nas décadas que se seguiram, Amos continuou por séries como "O Príncipe de Bel-Air", "Touched by An Angel" e "Os Homens do Presidente" (era o Almirante Percy Fitzwallace).

No cinema, foi Cleo McDowell, o dono do restaurante de 'fast food' na comédia de sucesso com Eddie Murphy "Um Príncipe em Nova Iorque", de 1988, regressando na sequela de 2021. Outros filmes onde participou foram "O Guerreiro Sagrado" (1982), "Stallone Prisioneiro" (1989), "Assalto ao Aeroporto" (1990), "Ricochete" (1991) e até no clássico de culto "Diamante Bruto" 2019), dos irmãos Safdie e com Adam Sandler, onde fazia de ele mesmo.