A Netflix estreia esta sexta-feira, dia 15 de março, a aguardada série documental "O Desaparecimento de Madeleine McCann". Apesar de os pais da criança, Kate e Gerry McCann, serem contra a produção, a equipa conseguiu conversar com algumas figuras-chave do processo.

Segundo o The Guardian, o serviço de streaming norte-americano encomendou a série em 2017, depois do sucesso dos primeiros documentários sobre crimes, como "Making a Murderer". No entanto, apesar de a Netflix ter aberto os cordões à bolsa e disponibilizado milhões de euros para produzir a série com oito horas de duração, a sua estreia foi várias vezes adiada devido à investigação.

Kate e Gerry McCann, pais da menina que desapareceu em 2007, aos três anos de idade, na Praia da Luz, recusaram por diversas vezes participar na série documental, alegando que a produção não irá ajudar a encontrar a filha. "Não vimos na altura, e continuamos a não ver, como é que este programa ajudará na busca por Madeleine e, em particular, ajudar a investigação policial. Pode até potencialmente obstruí-la", frisam em comunicado.

Madeleine McCann
Madeleine McCann

"Em consequência, os nossos pontos de vista não estão refletidos neste programa. Não vamos fazer mais qualquer comentário ou dar entrevistas relacionadas com o programa", acrescentam.

Em alternativa, a Netflix e a produtora Pulse Films, que investiu cerca de 24 milhões de euros, entrevistaram jornalistas, como Sandra Felgueiras, da RTP1, investigadores e fontes próximas do caso.

SANDRA FELGUEIRAS
SANDRA FELGUEIRAS

De acordo com o The Guardian, a produção terá entrevistado cerca de 40 pessoas, apesar de terem recebido muitos "nãos". Além de Sandra Felgueiras, a série documental de oito episódios deve contar com testemunhos de Gonçalo Amaral e dos jornalistas Anthony Summers e Robbyn Swan, que escreveram um livro sobre o caso. A produção da Netflix conversou ainda com algumas das pessoas interrogadas pelas autoridades portuguesas, como  o britânico Robert Murat e o russo Sergey Malinka, além dos especialistas em protecção infantil Jim Gamble e Ernie Allan.

O documentário conta ainda com entrevistas que foram feitas na altura pela RTP aos McCann.

No teaser, a jornalista portuguesa frisa que foi enganada pela polícia que investigava o desaparecimento da menina britânica. Já trabalho do investigador Gonçalo Amaral é posto em causa e é feita referência de que naquela altura estava sob investigação.

"Se fizéssemos uma dúzia de filmes sobre isto, ninguém acreditaria", frisa um dos entrevistados no trailer de "O Desaparecimento de Madeleine McCann". "Já tratei de milhares de casos. Como o caso da Madeleine, vi as piores coisas que um ser humano pode ser", acrescenta uma investigador.

Veja o trailer:

Mais perguntas ou respostas?

O que aconteceu? A série documental não irá dar todas as respostas sobre o desaparecimento de Madeleine McCann. Segundo a imprensa britânica, a produção vai analisar os vários momentos do caso, desde a tese rapto até à teoria em que os próprios pais foram apontados como suspeitos pela morte da menina.

O The Sun dá ainda conta que o documentário volta a seguir a tese de que menina está viva, uma teoria defendida por Jim Gamble, especialista em proteção de crianças que esteve envolvido na investigação. O britânico acredita que Madeleine foi raptada por um grupo ligado ao tráfico de pessoas.

"Acredito piamente que ainda se vai descobrir o que aconteceu a Madeleine McCann. (...) Há que ter esperança nos avanços da tecnologia. Ano após ano, o ADN está a melhorar. Ano após ano, novas técnicas, incluindo reconhecimento facial, estão a ver progressos. Da mesma forma que usamos essa tecnologia para revisitar e rever o que conseguimos no passado, é provável que algo que já conhecemos se venha a encaixar", frisou Jim Gamble.

Desaparecimento de Madeleine McCann
Desaparecimento de Madeleine McCann

De acordo com a imprensa britânica, a produtora investiu cerca de 24 milhões de euros no documentário sobre o desaparecimento de Madeleine McCann.

A produtora acredita que a série documental poderá “trazer justiça a esta história inacreditavelmente trágica". "Teríamos gostado de trabalhar diretamente com os McCann, mas eles informaram-nos que não podem, nem querem participar, visto que a investigação policial sobre o desaparecimento da sua filha ainda está a decorrer", sublinhou uma fonte da produção ao Daily Mail.