O audiovisual em Portugal tem uma "alta capacidade de produção", "orçamentos mais robustos e muito talento", mas há margem para o mercado crescer, ser mais inclusivo e sustentável, afirmou hoje a investigadora Catarina Burnay no encontro ONSeries Lisboa.

Numa apresentação sobre as tendências no panorama do audiovisual em Portugal, Catarina Burnay, da Universidade Católica, sublinhou que a ficção portuguesa "continua a ser expressiva nas escolhas" dos portugueses, em particular nos canais generalistas de televisão, mas há novas formas de visionamento, novas plataformas e os conteúdos são mais diversificados.

Catarina Burnay defendeu ainda que é preciso "trabalhar globalmente no reconhecimento interno" da produção portuguesa, "envolver os portugueses nas suas histórias" e exponenciá-las internacionalmente.

Num dos debates ocorridos hoje no ONSeries, que juntou os responsáveis da RTP, SIC, TVI e da brasileira TV Globo Portugal, o diretor de programas da RTP1, José Fragoso, sublinhava a riqueza da produção de ficção audiovisual em Portugal e o investimento recente da estação pública nessa produção.

"O investimento no audiovisual tem um papel fundamental na afirmação dos países e dos territórios. Todos os operadores públicos de televisão estão a fazer fortes investimentos do setor, porque são uma forma de afirmação em relação a outros blocos, como asiáticos e norte-americanos", disse.

Por seu turno, Pedro Boucherie Mendes, responsável pelos conteúdos digitais de entretenimento da SIC, defendeu que o audiovisual deve ser considerado tão importante como a produção de azeite ou de calçado.

"É importante que o audiovisual possa ter essa perspetiva não só das políticas públicas, dos agentes privados e do consumidor. (...) Isto é uma indústria, não há que ter medo em ganhar dinheiro, e permitirá fazer melhores séries e pagar melhor aos profissionais que são bastante mal pagos em Portugal", disse Boucherie Mendes.

Durante a manhã, a consultora espanhola Glória Saló, do Gabinete de Estudos da Comunicação Audiovisual (GECA), em Espanha, elencava a diversidade de conteúdos que atualmente são produzidos, aproveitando o desenvolvimento da tecnologia, do digital e dos recursos da Internet.

A consultora deu exemplos concretos de produções internacionais atualmente disponíveis, como 'podcasts' que originaram séries de ficção, videojogos que derivaram em minisséries, produções ancoradas nos formatos das redes sociais ou ainda produções que são "metaficção", tendo aqui sido citado o programa "Princípio, Meio e Fim", de Bruno Nogueira para a SIC.

Partindo da primeira telenovela brasileira exibida em Portugal, em 1977, "Gabriela, Cravo e Canela", Catarina Burnay fez uma resenha histórica do setor e apontou outros desafios não apenas tecnológicos ou de investimento financeiro: que a produção nacional promova também a equidade, a inclusão, e que seja ambientalmente sustentável.

O ONSeries, que decorre até sexta-feira, em Lisboa, é apresentado como o primeiro evento internacional profissional de televisão em Portugal, uma oportunidade para produtores, canais de televisão e outros operadores apresentarem os seus mais recentes projetos a profissionais internacionais.

Em Lisboa, entre os mais de 200 participantes do ONSeries está confirmada a presença de representantes de empresas como Amazon Prime Video (Brasil), Movistar + (Espanha), CBS Studios International (Países Baixos), Portocabo (Espanha), Netflix, HBO Europe & HBO Max (Espanha), TV Cultura (Brasil), France Televisions (França) e ZDF Enterprises (Alemanha).

O ONSeries é organizado pela empresa espanhola Inside Content, conta com o patrocínio institucional do Ministério da Cultura e com apoio da Câmara Municipal de Lisboa e de várias entidades ligadas ao cinema e audiovisual.

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