Uma conversa sobre sexualidade e orientação sexual subordinada ao tema “Identidades”, com a presença da presidente da ILGA, Ana Aresta, do ator Paulo Pascoal, do escritor André Tecedeiro e da educadora, 'youtuber' e 'drag Queen' Rita Von Hunty, moderada por Constança Carvalho Homem, abre o ciclo, no dia 14, na sala Bernardo Sassetti.

Depois da conversa, estrear-se-ão dois espetáculos, “Vita e Virgínia”, de Daniel Gorjão, baseado na peça de Eileen Atkins, e “Gejaĉo”, de João Villas-Boas. Todas as iniciativas estão ligadas a questões LGBTQIA+, disse Daniel Gorjão.

Em declarações à agência Lusa, Daniel Gorjão, do Teatro do Vão, disse que a criação que assina, “Vita e Virgínia”, parte da correspondência amorosa trocada entre Vita Sackville-West e Virgina Woolf, de que Eileen Atkins fez uma peça.

Já estreada em Londres, resulta de uma compilação de cerca de 20 anos de cartas trocadas entre as duas escritoras, a partir dos primeiros anos de 1920, depois de se terem conhecido e apaixonado.

Interpretada por Teresa Tavares e Maria João Vicente, “Vita e Virgínia” estará em cena de 15 a 17, na sala Mário Viegas.

Já “Gejaĉo”, de João Villas-Boas, é um ato performativo tornado ritual, no qual também se quer transitar da biografia individual para a inclusão de todos os que dele quiserem fazer parte.

Em cena de 16 a 20 de dezembro, na sala Mário Viegas, esta criação daquele colaborador do Teatro do Vão é um trabalho que há muito João Villas-Boas queria fazer, que fala do seu próprio 'coming out' (expressão que significa 'sair do armário') e do lado ritual que isso acarreta.

"Lê-se 'gaiátcho' e significa 'bicha' em Esperanto, uma linguagem secundária universal, criada como língua agregadora e paralela a todas as línguas", lê-se na apresentação do espetáculo. "Gejaĉo é uma mudança, um salto na fogueira, um baile a solo de debutante, um ritual e, por tudo isto, uma transição. É uma viagem, um projeto de criação e de experimentação de vários rituais na procura de criar um novo ritual que simbolize a transição da negação para a assunção da homossexualidade e que também seja uma liturgia de aceitação e de paridade. Aqui somos humanos, talvez semideuses, celebrando os mistérios", afirma o texto de apresentação.

"O ciclo destina-se a refletir sobre estas questões da identidade sexual e da orientação sexual”, disse Daniel Gorjão à Lusa, acrescentando que quis fazer a peça “Vita e Virgínia” por se tratar de um espetáculo sobre duas mulheres que se amaram “livremente, mesmo dentro de uma sociedade em que isso não seria tão fácil”.

“E elas foram sempre fiéis à sua própria natureza e perseguiram sempre os seus desejos embora socialmente estivessem dentro de uma sociedade que tinha uns códigos e uma regras muito rígidas e elas eram casadas mas não deixaram de viver o seu romance”, acrescentou.

Quanto a “Gejaĉo”, acrescenta Daniel Gorjão que “João [Vilas-Boas] fez um trabalho muito autobiográfico, reflete muito sobre o seu processo de 'comming out' e sobre um lado ritual desta coisa de passarmos para outra coisa, de haver uma mudança; mas parte sempre da sua história e é um projeto que ele tem que queria fazer há muito tempo, dentro da sua própria biografia”, acrescentou.

Um “projeto muito físico em que o corpo é um fator de trabalho muito fundamental neste processo dele, mas é exatamente para uma exposição autobiográfica”, acrescentou Daniel Gorjão.