Cruzando vários temas já abordados noutros romances do autor, “Indignação” narra com a sua autenticidade e pungência habituais a história de Marcus Messner, um adolescente filho de um talhante “kosher” de Newark que se matricula numa universidade do “meio-oeste” para fugir a um pai paranoico e superprotetor.

A rebelião visceral implícita no título surge precisamente porque o protagonista de Roth é tudo menos rebelde - na verdade um filho obediente, trabalhador e que só quer ter as melhores notas na universidade para escapar às selváticas batalhas da infame Guerra da Coreia que se desenrola enquanto decorre a história de Messner - em 1951.

Roth cria uma espécie de labirinto elíptico onde começa a girar a mente de Messner em fuga do pai - agora tomada por colegas de quarto desagradáveis, uma paixão por uma misteriosa colega tão lasciva quanto destruída (“toda ela é lágrimas”, dirá a sua atenta mãe numa visita ao “campus”) e o reitor da universidade que o afronta com uma retórica tão implacável e pragmática quanto injusta.

Este pequeno (em tamanho) livro em torno do intenso adolescente e o seu redemoinho interior tem um dos seus pontos-chave na violenta retórica que ele utiliza contra o reitor para não cumprir o serviço religioso, indo buscar à filosofia de Bertrand Russel uma litania contra absolutamente tudo - Deus, religião, igreja. Será só um dos erros estratégicos do jovem cujo interior vai desabando perante a perceção de que a sua honestidade emocional pode levá-lo à ruína.