Woody Allen é o inesperado defensor de Luis Rubiales, o agora suspenso presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) por causa do beijo à força dado à jogadora Jenni Hermoso.

Confirmando que o que aconteceu durante a entrega das medalhas na final do Campeonato do Mundo de Futebol feminino na Austrália percorreu mesmo o mundo, o cineasta norte-americano e músico de 87 anos mostrou estar informado e desvalorizou o que aconteceu numa entrevista ao jornal espanhol El Mundo (acesso pago) no Festival de Veneza.

"A primeira coisa que pensei é que eles não esconderam. Nem sequer ele a beijou num canto às escondidas. Não a estava a violar, foi só um beijo e era uma amiga. O que há de mal nisso?", perguntou.

"Não é como se ele tivesse assassinado alguém. Mas suspenderam-no do seu cargo e ele pode perder tudo. O beijo à jogadora de futebol foi errado, mas não foi como se tivesse incendiado uma escola", acrescentou.

O realizador disse não saber se Jenni Hermoso se afastou de Luis Rubiales ou lhe disse para não a beijar.

"Independentemente do que aconteceu, é difícil perceber que alguém possa perder o emprego e ser penalizado dessa forma por dar um beijo a alguém. Se foi inapropriado ou demasiado agressivo, há que dizer-lhe claramente que não o faça mais e que peça desculpa”, defendeu.

Woody Allen manteve a posição quando o jornalista do El Mundo lhe disse que a jogadora não autorizou o beijo e que o presidente da federação estava numa posição de poder.

"Sim, isso é verdade. Mas por outro lado, foi algo feito em público. Ele não a estava a beijar no escritório à porta fechada ou algo do género onde ela fosse ameaçada. Foi claramente à frente de toda a gente e ela não estava em perigo", defendeu.

"Mas, claro, ela tem todo o direito de dizer que não queria [ser beijada] e ele deveria pedir desculpa e garantir que não o voltará a fazer. E, com isso, ambos deveriam seguir em frente", concluiu.

Sem surpresa, as posições do cineasta estão a ser criticadas, com muitos a recordarem que a sua carreira bem-sucedida está manchada pelo caso de alegado abuso sexual à filha adotiva Dylan Farrow em 1992, quando ela tinha sete anos: apesar de nunca comprovadas e ele sempre as ter desmentido, as acusações prejudicaram a sua carreira e obrigaram-no a ficar na defensiva enquanto via as portas de Hollywood a fecharem-se, sobretudo após o movimento #MeToo no outono de 2017.

Woody Allen estará em Portugal para dois concertos com a sua banda de jazz, no dia 13 na Super Bock Arena do Porto e no dia a seguir no Campo Pequeno, em Lisboa.