Pabblo Vittar é uma das novas estrelas da música brasileira e está a conquistar fãs um pouco por todo o mundo - não é por acaso que chegou ao top Social 50 da Billboard. Mas os sucessos não se ficam por aqui: a artista foi considerada uma das estrelas do carnaval do Rio de Janeiro, é a drag queen mais seguida no Instagram e lidera os tops de música no Brasil.
O 'efeito Vittar' começou recentemente e parece não conhecer limites. Depois de lançar o tema "Corpo Sensual", cujo vídeo soma mais de 105 milhões de visualizações, a drag queen brilhou no primeiro dia do Rock in Rio Brasil ao atuar de surpresa num pequeno palco de uma marca para mais de 50 mil pessoas. No dia seguinte, subiu ao Palco Mundo a convite de Fergie, a ex-vocalista dos Black Eyed Peas.
Conheça melhor a carreira da cantora no vídeo:
O sucesso de Pabllo Vittar vai contra os preconceitos do Brasil, um país homofóbico e líder no ranking de assassinatos de transexuais, mas que ao mesmo tempo venera a drag queen que se juntou a Anitta no tema "Sua Cara".
Mas Pabllo Vittar ainda está no início da carreira e promete continuar a dar que falar. A drag queen conversou em exclusivo com o SAPO Mag sobre a sua carreira e as novidades para o futuro.
SAPO Mag: Para quem não ainda não te conhece, quem é Pabllo Vittar?
Pabllo Vittar: Eu sou a/o Pabllo Vittar. Podes chamar-me com o pronome que preferires. Tenho 22 anos e sou drag queen há quase cinco anos. Adoro música e chegar a todos os géneros: seja homem, mulher ou criança. Adoro despir-me de preconceitos e ligar-me às pessoas através da minha música.
Quando decidiste que querias ser drag queen?
Pabllo Vittar: Hum, a minha primeira experiência como drag foi no meu aniversário de 18 anos... Depois, correu bem no Halloween e aí foi 'babado'! (risos). Juntei as minhas amigas, arranjámo-nos e foi muito divertido, mesmo. Lembro-me sempre dessa noite e da sensação maravilhosa que tive. Foi a aí que dei o meu pontapé de partida.
E quando é surgiu o interesse pela música?
Canto desde pequena, sempre fui apaixonada por música - basta ver uns vídeos meus que andam por aí. (risos) Sempre quis atuar e sempre me imaginei em cima de um palco.
E do sonho à concretização... Foi difícil entrar na indústria da música como drag queen?
Sim, foram alguns anos até que eu chegasse aqui e estivesse, inteiramente, dentro da indústria da música. Mas tive muita sorte, sabes? Tive pessoas incríveis - que sempre admirei - e que estiveram ao meu lado, como a Preta Gil, a Anitta, o Diplo, além dos meus fãs, claro. Pessoas que acreditaram no meu trabalho e na minha causa. Estou muito agradecida a eles.
E quais são as tuas principais influências, os teus ídolos?
Nossa, tenho muitas influências nas minhas músicas e atuações. Desde as divas do pop, como Bey [Beyoncé] e Rihanna até as divas do pop do Brasil, como a Anitta e a Daniela Mercury. São duas rainhas maravilhosas, sempre fui fã e com quem tive a honra de dividir o palco no carnaval.
E sentes que também já és um exemplo para muita gente, especialmente para a comunidade LGBT?
Sempre fico um pouco tímida quando dizem que sou exemplo porque... é muita responsabilidade! Mas acho bom o crescimento de drags que está a acontecer e como estamos a ter cada vez mais voz, seja com pais, amigos, ou sei lá, qualquer um. Fico feliz por estar na linha da frente desta luta e poder fazer com que as pessoas não desistam do que amam. Isso é muito bonito.
Falando agora do teu disco... Como foi o processo de gravação?
Foi incrível, um sonho tornado realidade! Quando pensei no disco, comecei a falar com toda a gente que queria que fizesse parte disto comigo e fico honrada de ter tanta gente boa lá. O Diplo, que arrasou e de quem eu era mesmo fã, o Mateus Carillo, que é um grande amigo meu e com tive a honra de fazer um videoclip... o resultado de todo esse amor que coloquei lá, está a ser bom demais.
E tens batido alguns recordes com o disco - tens milhões de reproduções no Spotify, estás nos principais tops...
Está muita coisa boa a acontecer e muita coisa está para chegar. Sempre quero contar tudinho para os meus Vittarlovers mas não posso. (risos) O que posso adiantar é que vamos gravar um disco em fevereiro ou março de 2018. Vou para Los Angeles gravar. Já estou a ouvir algumas coisas deste novo trabalho e fico nervosa. Vou continuar a fazer concertos em mais e mais lugares.
Também tens muito sucesso nas redes sociais. Tens de lidar com muitos haters, muitos ataques?
Vão sempre existir haters, sabes? Independente de quem és ou o que falas. Mas não me importo muito com isso, mesmo. Gosto de ver o lado positivo e ver as pessoas incríveis e de coração grande a que cheguei com o meu trabalho.
E achas que o teu sucesso como cantora e drag queen pode mudar algumas mentalidades e preconceitos?
Espero que sim! Eu e inúmeras drags do Brasil estamos a lutar para que a nossa voz permaneça ativa e possamos ser cada vez mais respeitadas. Já avançámos muito nesta luta contra o preconceito, mas sei que podemos ir mais além.
Para terminar, quando um concerto em Portugal?
Eu ainda não tenho uma data certa mas tenho muita vontade de ir a Portugal e atuar aí. Tenho amigos que me dizem que é um país maravilhoso e que as pessoas são fantásticas! Tenho de agradecer pelo carinho e pelo apoio sempre, Vittarlovers. Mal vejo a hora de estar aí.
Veja um excerto da atuação de Pabllo Vittar no Rock in Rio:
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