Esta é “considerada a primeira ópera 'verista' italiana, corrente que introduziu um maior realismo na narrativa, por oposição ao romantismo”, segundo comunicado da organização, referindo a origem de “Cavalleria Rusticana”, ópera em um ato, “onde o amor, a traição e a vingança são os ingredientes principais”.

“Cavalleria Rusticana” estreou-se em Roma em 1890 e, no ano seguinte, em Lisboa.

Tem libreto de Giovanni Targioni-Tozzetti e de Guido Menasci, a partir da novela homónima de Giovanni Verga (1840-1922).

Segundo a mesma fonte, a ação dramática desenrola-se na manhã de Páscoa, numa aldeia da Sicilia, em Itália, e conta a história de Turiddu e de Santuzza.

“Ao regressar a casa do serviço militar, Turiddu descobre que a sua noiva, Lola, se casou com Alfio, um rico camponês, e, na esperança de lhe provocar ciúmes, Turiddu seduz Santuzza. Lola acaba por se envolver com Turiddu, e Santuzza, de coração partido, revela a Alfio a infidelidade entre os dois amantes”. Alfio desafia Turiddu para um duelo, e este despede-se da mãe e parte para o seu encontro fatal.

A encenação é de Alfonso Romerom e os figurinos de Berta Cardoso, o elenco é constituído pela contralto Maria Ermolaevam, no papel de Santuzza, o tenor Pedro Rodrigues, no de Turiddu, a meio-soprano Ana Santos, como Lucia, o barítono Pedro Telles, no papel de Alfio, e a meio-soprano Gisela Sachse é Lola. São acompanhados pela Orquestra e Coro da Ópera na Academia e na Cidade.

Segundo o programador da temporada, Henrique Silveira, “Cavalleria Rusticana” é “um marco importante na dinâmica estética italiana”, referindo que “esta obra era também, se não uma crítica, pelo menos uma exibição pública da violência que ainda presidia à lavagem das violações da honra nas zonas rurais e, em particular, na Sicília, onde ainda hoje essa violência se sente de forma pesada na cultura tradicional”.

O compositor Pietro Mascagni (1863-1945) “abriu os teatros de ópera italiana à vida real, [e] hoje vamos presenciar essa mesma vida real na Aula Magna, retomando a Universidade de Lisboa, depois de um longo período de quase encerramento das atividades culturais presenciais, também ele pesado e triste, uma programação cultural que se pretende continuada, rica e sem mais interrupções motivadas pelas tragédias humanas que a pandemia trouxe”, afirma Henrique Silveira.