“Odisseia Nacional” é o título do programa com que o “barco” [teatro] D. Maria II, em Lisboa, “vai de saída” país fora, dizendo “adeus” à Praça do Rossio, como escreve o diretor artístico no documento da programação, enquanto o edifício do teatro estiver a ser alvo de obras que visam torná-lo mais “eficiente e sustentável”, e cujo final está previsto para o primeiro trimestre de 2024, disse à Lusa o presidente do conselho de administração do teatro, Rui Catarino.
Financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), as obras no D. Maria II irão permitir melhorar as condições de trabalho dos funcionários do teatro, assim como de centenas de artistas, e trata-se de uma obra com preocupações de eficiência e sustentabilidade, por forma a que, em 2024, aquele espaço seja “mas verde, mais acessível e confortável, e mais preparado para as próximas décadas”, segundo Rui Catarino.
Inspirado também nas antigas digressões da companhia Amélia Rey Colaço, este programa, como Pedro Penim o caracteriza, surge como algo novo "apenas na “dimensão, envergadura e formato", numa altura em que as produções do teatro "não têm casa”, mas quando “a vontade” de mostrar ao país o que se faz naquele edifício do Rossio, em Lisboa, “já existia desde a sua fundação" e assim se concretiza.
A abrir o programa está a reposição de “Casa portuguesa”, de Pedro Penim, no Teatro Nacional S. João, no Porto, onde fica de 12 a 21 de janeiro de 2023.
Entre os espetáculos produzidos pelo D. Maria II, quer de textos inéditos quer de releituras contemporâneas de clássicos da dramaturgia universal, destaque para as primeiras estreias, a ocorrer no norte, com “Lear”, de Shakespeare, e “O misantropo”, por Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares, a partir de Molière.
“Lear” é uma criação dos teatros da Didascália e do Bolhão, com encenação de Bruno Martins, que será apresentado em Fafe, Monção e na Póvoa de Varzim, e insere-se na parte da programação dedicada a "coproduções com companhias sediadas fora do eixo Porto-Lisboa, fortalecendo laços com estruturas de várias geografias".
“O Misantropo”, numa encenação Mónica Garnel, é um dos espetáculos produzidos pelo TNDMII levadas a diferentes localidades do país, passando por Águeda, Almada, Angra do Heroísmo, Beja, Bragança, Coimbra, Covilhã, Faro, Figueira da Foz, Funchal, Horta, Portimão, Santa Maria da Feira, Sintra, Sintra e Vale de Cambra.
Destaque também para “A farsa de Inês Pereira”, com texto e encenação do diretor artístico do D. Maria II, Pedro Penim, a partir de Gil Vicente, que será representada em Amarante, Évora, Gouveia, Portalegre, Setúbal, Tavira e Vila Nova de Famalicão.
“Viagem por mim terra”, título inspirado em “Viagens na minha terra”, de Almeida Garrett, uma criação do ator, dramaturgo e encenador moçambicano Venâncio Calisto, residente em Portugal desde 2019, é um inédito sobre a própria viagem do D. Maria II por terras portuguesas.
Este espetáculo terá representações na Covilhã, em Évora, Guimarães, Loulé, Paredes de Coura e Torres Vedras, e faz parte das coproduções do D. Maria II com artistas emergentes.
A "Odisseia Nacional" decorrerá por zonas do país, abrangendo mais do 90 concelhos de todo o território nacional, onde as três produções próprias, tantas quantas as coproduções internacionais, e as 11 coproduções nacionais, num total de 179 apresentações, serão levadas a cena.
Trezentas e cinquenta horas de formação, 153 ações nas escolas, uma exposição e seis publicações constam ainda do variado programa da "Odisseia Nacional", que começa na região Norte, em janeiro de 2023, onde permanecerá até março.
Entre abril e junho, "Odisseia Nacional" chega à região Centro, em julho a viagem prossegue nos Açores, em setembro, na Madeira, para culminar no Alentejo e Algarve de outubro a dezembro de 2023.
“La vie invisible”, um texto do francês Guillaume Poix e encenação de atriz e encenadora sua conterrânea Lorraine de Sagazan, a representar em 15 de dezembro, no cineteatro Louletano, é o espetáculo que encerra a viagem.
“Hopeless”, uma produção romeno-alemã, de Sergiu Matis, a apresentar em Guimarães, e “Silence, silence, silence, please”, do ucraniano Pavlo Yurov, em Coimbra, completam as coproduções internacionais da Odisseia.
“As Castro”, de Raquel Castro, “Pérola sem rapariga”, encenada por Zia Soares, e “Descobri-Quê?”, um conjunto de espetáculos para a juventude com ligação ao programa escolar, onde será abordada a descolonização cultural, são outras das iniciativas da Odisseia.
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