O voto, apresentado pelo Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, foi aprovado na sessão plenária do parlamento de hoje por todos os partidos e deputados.

Armanda Passos, “referência maior da pintura contemporânea portuguesa”, morreu na passada terça-feira, aos 77 anos, refere o texto aprovado.

“No momento do seu desaparecimento, homenageemos a memória de Armanda Passos, destacando a importância da sua obra, a sua profunda humanidade e sensibilidade – em especial para com as mulheres e os animais –, bem como a sua enorme generosidade”, enaltece o parlamento, expressando “o seu profundo pesar” pela morte da pintora.

Armanda Passos

Armanda Passos nasceu no Peso da Régua, tendo-se licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes da Universidade do Porto, “instituição a que ficou para sempre ligada e de que era uma das principais referências estéticas”.

“Foi na cidade do Porto que se fixou e onde realizou a sua primeira exposição individual, 'Pintura e Desenho', em 1981, onde logo se destacou pelas emblemáticas representações de aves e por mulheres de volumes avultados, aproximando-a da arte neofigurativa”, recorda.

A pintora “deixa uma vasta obra, que cruza a pintura, o desenho e a serigrafia, atestando o seu imenso talento – que, segundo a própria, ‘(…) se foi manifestando devagar’”, pode ler-se no mesmo voto.

“Foi também com o tempo que surgiu o seu reconhecimento, patente nas centenas de exposições em que participou, individuais e coletivas, em Portugal e além-fronteiras, contribuindo para afirmar universalmente a sua obra”, elogia, recordando ainda “as muitas distinções que recebeu”, entra as quais se destaca a Comenda da Ordem do Mérito, em 2012, atribuída pelo então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

Armanda Passos recordou, numa entrevista à RTP, em 2004, que chegou tarde às artes plásticas, licenciando-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto quando já tinha formado família e tinha filhos.

Na mesma entrevista afirmou que o dom artístico "foi-se manifestando devagar".

"Achava que não era dotada para nada, especialmente para o desenho. (...) Foi com o tempo, aos poucos que fui descobrindo", disse então.

A obra da artista, marcada por figuras femininas e pelo desenvolvimento de uma técnica relacionada com serigrafia, está presente em várias coleções, nomeadamente do Museu Nacional de Arte Contemporânea, do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação de Serralves e no Museu Amadeo de Souza-Cardoso.

É possível ver grande parte do seu trabalho artístico no Museu do Douro, no Peso da Régua, fruto de uma doação de 83 obras que a pintora fez e que estão expostas em permanência desde maio.