“Histórias de um Império” dá título a esta mostra, patente até 2 de outubro de 2022, na qual se destacam obras como uma pedra de Bezoar montada com coral vermelho, do século XVII, ilustrando os últimos seis séculos de diálogo entre Ocidente e Oriente, do qual resultaram obras de arte e objetos característicos.

De acordo com o museu, a curadoria, da responsabilidade do historiador de arte Nuno Vassallo e Silva, quis evitar uma leitura tradicional, cronológica e geográfica, optando, nos oito núcleos temáticos, por mostrar "a riqueza, a complexidade e a surpreendente beleza da arte produzida nas redes comerciais criadas por Portugal, um pouco por toda a Ásia".

Os núcleos foram dispostos em oito “histórias” - que ocupam a parte da área dedicada à exposição permanente do museu, intitulada “Presença Portuguesa na Ásia” - e serão contadas em conjuntos de obras de origens culturais e materiais distintas, desde a porcelana chinesa, aos marfins de Goa, do mobiliário indiano às lacas japonesas, para criar numa narrativa visual.

A iniciar a exposição estará “A Viagem das Formas”, que mostra a assimilação de tipologias europeias nos diversos pontos da Ásia, exemplificada em peças de mobiliário como cadeiras, mesas, escritórios, essenciais no quotidiano ocidental, mas que foram surpreendentes aos olhos dos orientais.

O caráter missionário da expansão portuguesa é ilustrado por obras de arte sacra em madeiras preciosas, filigrana, marfim e outras matérias-primas requintadas no segundo núcleo, sob o tema da “Religião”, seguindo-se o “Poder”, que reúne iconografia e heráldica associadas à presença portuguesa na Ásia, patente em porcelanas e outros objetos de encomenda.

Já em “Um Mundo Precioso”, materializa-se uma imagem mítica, a de um Oriente de opulência e maravilha, em peças de execução delicada em ouro, filigrana de prata, prata dourada, cristal de rocha, marfim e pedras preciosas, descreve o texto divulgado pelo museu.

No núcleo seguinte, “Colecionismo e Ciência”, é abordado o fenómeno do colecionismo e da constituição dos primeiros Gabinetes de Curiosidades, ainda no século XVI, naquilo que viria a ser, no período moderno, o embrião do espírito científico.

Em exposição, estarão presas de narval e de outros animais exóticos na época, e ainda as "enigmáticas pedras de bezoar, com poderes curativos ou mágicos, que suscitavam estudo, partilha, especulação e fascínio".

No núcleo “Quando Éramos Exóticos”, centra-se na representação dos portugueses e dos europeus nas artes plásticas e decorativas na Ásia, privilegiando a visão destas culturas sobre os ocidentais, através de esculturas, pinturas e peças de arte namban.

A exposição finaliza com dois núcleos dedicados a materiais marcantes ligados à presença portuguesa na Ásia: “O Mundo do Marfim”, que integra peças de arte sacra e devocional cristã, trabalhadas por artífices japoneses, cingaleses, goeses e chineses; e “Na Busca da Laca”, que aborda um dos materiais que mais impressionaram os viajantes e mercadores portugueses, em peças luxuosas e altamente decoradas.

A Coleção Távora Sequeira Pinto começou a tomar forma na década de 1980, "acompanhando, de forma muito particular, a própria evolução do conhecimento face à cultura material" deixada pelos "contactos culturais estabelecidos com a expansão marítima portuguesa, sobretudo no Oriente".

De acordo com o museu, ao contrário de outras coleções focadas no período dos Descobrimentos, "geralmente mais especializadas numa ou noutra expressão plástica, esta coleção documenta uma diversidade muito alargada de origens, tipologias e materiais", e destaca "o diálogo permanente entre o Ocidente e o Oriente, e a subsequente busca de testemunhos materiais".

A mostra “Histórias de um Império” conta com a publicação de um catálogo que reúne textos de investigadores nacionais e estrangeiros, especialistas nas temáticas abordadas.