A bailarina britânica Paula Gareya, que fez parte da Companhia de Bailados Verde Gaio e que colaborou com a Companhia Nacional de Bailado, morreu esta madrugada, aos 84 anos, em Setúbal, vítima de doença prolongada.

Paula Gareya “encontrava-se internada na unidade de cuidados paliativos de Nossa Senhora da Arrábida, onde faleceu na última madrugada”, disse à Lusa a Graça Bessa, ex-diretora artística da Companhia de Dança Contemporânea (CêDêCê), que esteve sediada em Alcobaça e Óbidos, cujo corpo docente a bailarina integrou.

“Foi uma mulher notável, com um papel muito importante, quer como bailarina, quer como professora, e que demonstrou, até ao fim, uma coragem notável para enfrentar a doença”, disse Graça Bessa à Lusa.

Paula Gareya, de nacionalidade britânica, nasceu a 13 de janeiro de 1931 e iniciou a formação na Muriel Tweedy School of Dancing, em Manchester, que concluiu na Arts Educational Schools, em Londres, em 1949.

A sua carreira desenvolveu-se essencialmente no London's Festival Ballet, onde dançou "O lago dos cisnes", de Tchaikovsky, "Petrouschka", de Stravinsky, "Les sylphides", de Chopin, "La Esmeralda", de Cesare Pugni, e "Príncipe Igor", de Borodin, entre outros bailados.

De 1961 a 1975 foi bailarina principal do Grupo de Bailados Portugueses Verde-Gaio, companhia para a qual interpretou quase todo o repertório, com destaque para papéis como a Severa ("Fado"), "Don Quixote", "Pastoral" ou o papel de primeira bailarina na ópera "La Gioconda", numa encenação do Teatro Nacional de São Carlos.

Na Companhia Nacional de Bailado fez também parte do elenco de "Romeu e Julieta" e de "Les sylphides", entre outras coreografias, como recordou Graça Bessa.

Na companhia Verde Gaio, fundada em 1940 e extinta em 1977, Paula Gareya desenvolveu também a atividade pedagógica, que viria a dominar o resto da sua carreira, no ensino de pré-profissionais e profissionais.

De 1983 e 1995, fez parte do corpo docente da Academia de Dança Contemporânea de Setubal, onde deu aulas de ballet, repertório, variações da dança clássica e 'pas de deux'.

Nesta Academia, Paula Gareya aceitou ainda a direção dos ensaios, permitindo à companhia repor em cena os "Jogos Sinfónicos", com musica de Prokofiev, com a coreografia de Fernando Lima, como recorda Graça Bessa.

Em 2008, coreografou, para a Cêdêcê, "Sagrado e Profano", com figurinos de António Carmo, bailado apresentado em estreia absoluta no Dia Mundial da Dança, no Teatro de Alcobaça.

O corpo de Paula Gareya está em câmara ardente na igreja da Corredoura, em Santana, Sesimbra, de onde sairá na sexta-feira, às 10:00, para o crematório da Quinta do Conde.