"Meu querido pai Antonino Solmer - falecido ontem de noite", lê-se na página de Tiago Cardiff (Markques), na rede social Facebook.
Antonino Proença Marques, conhecido como Antonino Solmer, foi ator e encenador, dirigiu o Teatro da Trindade e a companhia Os Cómicos, foi também sub-diretor do Teatro Nacional D. Maria II, e teve uma longa carreira como professor da Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), tendo formado gerações de atores.
Antonino Solmer nasceu em Lisboa, a 2 de março de 1950, indica a base de dados do Centro de Estudos de Teatro (CET), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Fez o curso de Atores-Encenadores da Escola Superior de Teatro e Cinema - antigo Conservatório Nacional -, a que se sucederam pós-graduações e estágios de interpretação e encenação, na Polónia, nomeadamente com o encenador e dramaturgo Josef Sjazna, em 1978, e nas escolas de teatro de Varsóvia e Cracóvia.
Foi diretor da Companhia Rafael de Oliveira, de Os Cómicos - Grupo de Teatro e do Contra-Regra - Centro de Actividades Culturais e de Produção de Espectáculos, que fundou e dirigiu com a escritora Eduarda Dionísio (1946-2023). Entre 1998 e 2000 foi sub-diretor do Teatro Nacional D. Maria II.
A par do teatro fez cinema e televisão, entrando em filmes como "O Príncipe com Orelhas de Burro", de António de Macedo, e "O Processo do Rei", de João Mário Grilo, e em produções como o telefilme "Um Jeep em Segunda Mão", de Jaime Campos, a telenovela da RTP "Terra Mãe" e a série filmada "A Tragédia da Rua das Flores", versão televisiva do romance de Eça de Queiroz que coprotagonizou com Lourdes Norberto.
Como encenador, dirigiu textos dos principais autores da História do Teatro, das tragédias gregas à expressão contemporânea, incluindo dramaturgos como Federico García Lorca, August Strindberg e Henrik Ibsen, muitos deles com alunos da ESTC.
É responsável pela montagem do primeiro texto de Arthur Schnitzler em Portugal, com a encenação de “Dança de Roda”, para a companhia Contra-Regra, em 1983.
Dirigiu ainda espetáculos de músicos como Sérgio Godinho e Emilio Cao.
Antonino Solmer estreou-se como ator em 1967, na Promotora Estúdio de Teatro, e, como encenador, em 1979, com os Cómicos, indica a base de dados do CET, numa referência à versão para palco de "Retrato de Um Amigo Enquanto Falo", de Eduarda Dionísio, levada a cena sob o título "Memória com Objetos".
Com Eduarda Dionísio é autor de "Dou-Che-Lo Vivo, Dou-Che-Lo Morto", "comédia em 4 partes e um entremês", a partir de textos clássicos em língua portuguesa, estreada em 1981 pelo Teatro da Cornucópia.
O Teatro São Luiz, em Lisboa, reagiu à morte do ator, encenador e professor recordando-o como "mestre de uma geração de atores portugueses, que começaram no teatro pela sua mão."
"Dele lembramos a suavidade e gentileza com que tratava todos à sua volta", lê-se na página deste teatro municipal de Lisboa.
"Na história do São Luiz está a sua interpretação em 'Jesus Cristo em Lisboa – Tragicomédia em sete quadros', peça de Alexandre O'Neill e Mendes de Carvalho, a partir da obra conjunta de Raúl Brandão e Teixeira de Pascoaes, estreada pela Companhia Nacional I – Teatro Popular, em junho de 1978", peça em que Antonino Solmer partilhou o palco com Fernanda Lapa, Glicínia Quartin, Lourdes Norberto, António Feio, Canto e Castro e Manuela Cassola, entre outros atores.
"Foi também aqui", conclui a mensagem do São Luiz, "que apresentou o seu 'Manual de Teatro' [1999/2014], livro fundamental que nos deixa. Obrigado."
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