O escritor moçambicano Mia Couto ganhou o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas 2024, no valor de 150 mil dólares (quase 136 mil euros, à cotação do dia), anunciou esta segunda-feira o júri da Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara.
"Com Mia Couto reconhece-se uma obra literária notável, que integra e entrelaça a crónica, o conto, o romance, cuja inovação linguística faz repensar a relação entre os membros da comunidade de países de língua portuguesa", destacou Carlos Reis, membro do comité avaliador.
A obra de Couto, cujo nome de registo é António Emílio Leite Couto, chama "a atenção e a sensibilidade para o continente africano e as suas relações históricas, culturais e geopolíticas" e convida "a reconhecer e aproximarmos-nos de outra maneira da história e da natureza do planeta", acrescentou.
Nesta edição do prémio, foram recebidas 58 candidaturas, nas quais se candidataram 49 autores de 20 países das Américas, de Europa, África e Ásia. Os escritores representaram, por sua vez, seis línguas: catalã, espanhola, francesa, italiana, portuguesa e romena.
Depois de reuniões em 30 e 31 de agosto, o júri decidiu de forma unânime atribuir o prémio a Couto, nascido em 1955 na cidade portuária moçambicana de Beira.
"Processou-se com a mente aberta de todos, aceitando, discutindo e depois chegando a uma decisão que acredito que é justa, apesar de saber que os candidatos a este prémio tinham todos enorme qualidade", acrescentou Reis.
Couto é autor dos romances "Terra sonâmbula", "O último voo do flamingo", "A confissão da leoa" e "Venenos de Deus, remédios do Diabo", além das coletâneas de contos "Vozes Anoitecidas" e "Cada Homem é uma Raça".
O escritor africano, que também é membro correspondente da Academia Brasileira de Letras, foi reconhecido com o Prémio Nacional de Literatura em Portugal (1993), o Prémio Nacional de Literatura em Moçambique (1995), o Prémio Camões (2013) - o de maior prestígio da língua portuguesa - e o Prémio Internacional Neustadt de Literatura (2014).
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