Marco Paulo prepara-se para se despedir dos palcos no próximos anos. Com mais de 55 anos de carreira, o artista, que soma dezenas de êxitos, espera fazer os seus últimos concertos até 2024. "Não sei como me vou despedir, não sei como vou dizer adeus", confessa em entrevista ao SAPO Mag.
"Tenho de me preparar e preparar as pessoas. Isto não é uma decisão fácil. Isto é a minha vida, isto foi a minha vida… Vivi intensamente a minha profissão, vivi intensamente tudo o que fazia nos concertos. Os aplausos, os sorrisos das pessoas, o olhar das pessoas… tudo isso foi vivido intensamente", sublinha Marco Paulo
"Largar isto é como virar as costas a quem me apoiou tanto", acrescenta.
Uma carreira repleta de sucessos
Na sua biografia, o cantor contou que cantou pela primeira vez aos 11/12 anos, num casamento, tendo interpretado “La Campanera”, canção do repertório do cantor-menino espanhol Joselito, que aprendera de ouvido.
Com o EP "Não Sei/Estive Enamorado/O Mal às Vezes é Um Bem/Vê", de 1966, o cantor alentejano nascido em Mourão, a 21 de janeiro de 1945, deu início a uma das discografias mais longas e comercialmente bem sucedidas da música nacional, contando mais de 70 discos editados e cerca de quatro milhões e meio de exemplares vendidos.
Em 1978, Marco Paulo conquista os tops nacionais com "Canção Proibida"/"Ninguém Ninguém", vendendo mais de 85 mil cópias, tornando-se no primeiro disco de ouro do artista. Em 1979 conquista um novo disco de Ouro com o single "Mulher Sentimental" - em dois anos, Marco Paulo somou dois discos de ouro e três de prata.
Um ano depois, em 1980, o single "Eu Tenho Dois Amores", torna-se no seu maior êxito ao vender mais de 195 mil discos (3 discos de Ouro e 1 de Prata). Em 1981, edita "Mais, Mais e Mais Amor", que deu ao músico disco um de prata e dois de ouro, com 130 mil discos vendidos.
Seguiram-se os álbuns "Romance" e "Sedução". Em 1988 edita o disco "Marco Paulo" e o single "Joana", que conquistou o galardão de Disco de Ouro em apenas uma semana. "Sempre Que Brilha O Sol", também editado em 1988, foi também um dos dos grandes êxitos do cantor.
Distinguido através de mais de cem galardões de platina e ouro, Marco Paulo editou ainda os sucessos "Maravilhoso Coração", "Joana", "Anita", "Morena Morenita", "Sempre Que Brilha O Sol", "Taras e Manias" ou "Eu Tenho Dois Amores" - esta última, apesar de ser um dos maiores sucessos de sempre da música popular portuguesa, estava longe de ser das preferidas do cantor, que revelou que só a interpretava na maioria dos concertos para não defraudar o público.
Em 2007, Marco Paulo decidiu dar uma pequena reviravolta na sua carreira, editando o primeiro disco apenas com temas originais e com produção de Ramon Galarza. No ano seguinte, reuniu os sucessos da sua carreira em "O Melhor de Mim", disco que liderou o top de vendas nacional.
Em 2015, editou o disco "Diário", alcançando dois discos de platina - os temas de maior destaque foram "O que é que fazes esta noite" e "Além da Cama".
"Adeus, Adeus", versão portuguesa de autoria de Carlos Paiva da canção da resistência anti-fascista italiana "Bella, Ciao", e "Jesus Salvador", de Roberto Carlos, são as mais recentes canções do artista.
Além dos discos, o percurso de Marco Paulo também ficou marcado por várias participações no Festival RTP da Canção, iniciadas em 1967, com "Sou Tão Feliz". Na fase inicial da carreira colaborou com Madalena Iglésias, antes de ser cantor profissional, ou Simone de Oliveira, com quem assinou uma versão de "Somethin' Stupid", de Frank Sinatra.
Entre outras versões que interpretou constam ainda temas do Eurofestival da Canção de 1970 ao lado de músicos do Quarteto 1111; de "I Just Called to Say I Love You", de Stevie Wonder ("Só Falei Para Dizer Que Te Amo") ou de várias canções de Roberto Carlos no álbum "Amor Sem Limite", de 2004. O disco "Marco Paulo", de 2007, destacou-se por ter sido o primeiro apenas com composições originais.
Na década de 1990, o cantor foi também apresentador do programa "Eu Tenho Dois Amores", na RTP, sucesso de audiências com mais de 90 edições, a partir de 1994, e dois anos depois conduziu "Música no Coração", no mesmo canal. Em 1996 enfrentou ainda uma batalha contra o cancro, tendo sido sujeito a uma operação ao cólon para remover um tumor.
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