Em nota de imprensa, a produção do espetáculo de André Braga e Cláudia Figueiredo, criado para a Rede Artéria, lembra o incêndio de 15 de outubro de 2017, argumentando que este foi “de tal modo violento, que marca um antes e um depois na história” de “Luto”.

O espetáculo, que estreou em Tábua, em julho de 2019, resultou de um “processo de criação artística” envolvendo aquele município do interior do distrito de Coimbra e a população local, acrescenta.

“Anos antes, na fase de mapeamento cultural que a Rede Artéria efetuou no território, a comunidade tinha decidido trabalhar a partir da valorização do património ambiental, mal sabendo que tudo iria ser consumido pelo fogo”, refere o comunicado.

“O fogo só terminou quando não havia mais nada para arder”, adianta a nota, acrescentando que o termo “luto” tem um duplo significado: “enquanto processo de lidar com a perda – de vidas humanas, de memórias, de espaços físicos – e enquanto verbo lutar, a resiliência e empenho das populações e da natureza por imaginar outros futuros”.

O comunicado explica ainda que o processo de criação artística partiu dos testemunhos recolhidos no território “para abordar dimensões que ultrapassam a esfera local do incêndio”.

“A violência extrema do fogo e a sensação geral da proximidade do apocalipse fizeram a equipa criativa colocar a questão algures na iminência do fim, quando fica claro que é urgente uma nova filosofia, um novo pensamento, um ser político radicalmente diferente”, sustenta.

Depois da estreia em Tábua e de uma apresentação em Ourém, distrito de Santarém, veio um período de dois anos de interregno, acrescentando a “Luto” a pandemia “que a todos paralisou e confrontou com os desafios de um planeta que não consegue tolerar mais a forma como vivemos”.

O espetáculo só voltaria aos palcos a 22 de maio deste ano, no Fundão, distrito de Castelo Branco, e chega agora à Figueira da Foz, com duas datas (30 e 31 de julho, sexta-feira e sábado) e apresentação agendada para o espaço envolvente da piscina municipal do Paião, sede da freguesia localizada a sul do Mondego.

A 15 de outubro de 2017, o concelho da Figueira da Foz foi atingido por dois incêndios florestais de grandes dimensões, um precisamente na freguesia do Paião e outro, a norte, que começou nas matas nacionais de Quiaios e se estendeu aos vizinhos municípios de Cantanhede (Coimbra) e Vagos (Aveiro).

De acordo com informação da Câmara Municipal da Figueira da Foz, o acesso ao espetáculo “Luto” é gratuito, mas implica reserva prévia de bilhetes através do endereço de correio eletrónico servico.educativo@cm-figfoz.pt ou do telefone 233 402 840.

Posteriormente, os bilhetes serão levantados no Museu Municipal Santos Rocha ou na Junta de Freguesia do Paião.

A Artéria é uma rede de programação cultural, liderada pela companhia de teatro O Teatrão, de Coimbra, que está a criar e fazer circular espetáculos em oito concelhos da Região Centro – Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu.

A Rede Artéria “junta artistas convidados a trabalhar nos contextos de cada um desses locais com os municípios, instituições académicas, agentes e estruturas sociais/culturais”.

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