Um importante responsável do governo da Ucrânia respondeu à declaração mais recente e polémica de Lars von Trier.

Lançado pela série "O Reino" na década de 1990, o realizador é o mais famoso da Dinamarca, ligado a obras premiadas e controversas com sexo e violência como "Ondas de Paixão" (1996), "Dancer in the Dark" (2000), "Dogville" (2003), "Anticristo" (2009) e as duas partes de "Ninfomaníaca" (2013).

Esta terça-feira, Lars von Trier reagiu nas redes sociais ao compromisso do seu país de fornecer caças F-16 à Ucrânia e às imagens da Primeira-Ministra Mette Frederiksen num cockpit.

Num aparente referência ao slogan do movimento internacional "Black Lives Matter", escreveu em dinamarquês e inglês: "A propósito: ao senhor Zelensky e ao senhor Putin e, não menos importante, à senhora Frederiksen (que ontem, como uma louca recém-apaixonada, posou com um sorriso de orelha a orelha no cockpit de uma das máquinas de matar mais assustadoras do nosso tempo): AS VIDAS RUSSAS TAMBÉM SÃO IMPORTANTES!".

A mensagem não estava aberta a comentários, mas noutras que estão disponíveis no seu Instagram foram muitos os que manifestaram a sua revolta com a declaração sobre o valor das vidas russas.

A mensagem também despertou a atenção da comunicação social ucraniana e russa, bem como dos utilizadores das redes sociais.

Sem referir o nome do cineasta, mas partilhando a sua mensagem, Oleksiy Danilov, secretário do Conselho de Segurança e de Defesa da Ucrânia, escreveu na rede social X (antigo Twitter) que "a guerra não é um filme onde os atores representam a vida e a morte. Por trás de cada terrorista russo vivo, existe um ucraniano morto. A escolha entre o carrasco e a vítima torna-se uma tragédia quando o artista escolhe o lado do carrasco".

Este importante responsável do governo da Ucrânia acrescentou que "a Ucrânia não vive na abstração, mas numa realidade cruel em que os russos são assassinos".

"Um conselho simples para o famoso realizador: imagine que é um míssil russo que voa diariamente sobre a sua cidade, que o seu pai ou a sua mãe foram mortos, que o seu neto foi levado para a Rússia e que um saqueador russo violou a sua esposa antes de incendiar a sua casa. Neste caso, a abstração do 'humanismo' hipócrita assume características completamente diferentes - de uma vida real, não ficcional", concluiu.