Após Meryl Streep, Emma Thompson, Geena Davis, Liv Tyler, Helen Mirren, Sandra Bullock, Patricia Arquette e Maggie Gyllenhaal, Jennifer Lawrence é a mais recente estrela a criticar a desigualdade de salários e o sexismo em Hollywood, num revelador ensaio onde aborda pela primeira vez o escândalo dos mails da Sony que revelou que ela ganhava menos do que todas as estrelas masculinas de "Golpada Americana".

No texto para a newsletter feminista da sua amiga, a atriz Lena Dunham (da aclamada série da HBO "Girls"), intitulado "Why Do I Make Less Than My Male Co‑Stars?" [Por que é que ganho menos do que os meus co-protagonistas masculinos?], a estrela escreve:

"Quando o roubo dos mails Sony aconteceu e descobri o quanto menos estava a ser paga do que as pessoas sortudas com pénis, não fiquei zangada com a Sony. Fiquei zangada comigo própria. Falhei como negociadora pois desisti cedo. Não queria continuar a lutar por milhões de dólares que, francamente, devido a duas sagas ["X-Men" e "Os Jogos da Fome"] não precisava."

Aquela que é uma das vencedoras do Óscar mais novas de sempre salienta que isso se deveu à sua necessidade de "ser adorada" e o medo de parecer "difícil" ou "mimada", que em parte atribui à sua idade e personalidade, mas também a uma questão social.

"Poderá existir um hábito persistente de tentar exprimir as nossas opiniões de uma certa forma que não 'ofenda' ou 'assuste' os homens?", interroga-se.

"Na altura, isso parecia uma boa ideia até que vi os salários na internet e percebi que todos os homens com quem estava a trabalhar definitivamente não se preocupavam sobre ser 'difíceis' ou 'mimados'."

Jennifer Lawrence salienta que esses dias acabaram e que não tem medo de abordar o sexismo na indústria que originou essa desigualdade.

"Estou farta de tentar encontrar a forma 'adorável' de dar a minha opinião e ainda gostarem de mim. Que se lixe. Acho que nunca trabalhei com um homem em posição de poder que passasse o tempo a contemplar que abordagem ia usar para que a sua opinião fosse ouvida. É simplesmente ouvida. Jeremy Renner, Christian Bale e Bradley Cooper [os seus colegas de "Golpada Americana"] lutaram todos e foram bem sucedidos em negociar bons acordos para eles. Se alguma coisa, tenho a certeza que foram elogiados por serem implacáveis e habilidosos, enquanto eu estava ocupada a preocupar-me com passar por uma fedelha e não conseguir o que era justo para mim."

"Uma vez mais, isto pode não ter nada a ver com a minha vagina, mas não estava completamente errada quando outro email da Sony revelava que um produtor [Scott Rudin] se referia a outra atriz protagonista [Angelina Jolie] como uma 'fedelha mimada'. Por alguma razão, não consigo imaginar alguém a dizer isso sobre um homem.", concluiu.