“Sofremos um pequeno atraso que teve a ver com um problema que tivemos com a distribuidora e todos os nossos projetos foram adiados, mas conseguimos, desde o início deste ano, trabalhar com a Bertrand e vamos recomeçar agora”, disse à Lusa Vladimiro Nunes, editor da Ponto de Fuga e da sua chancela PIM! Edições.

A Ponto de Fuga começou em 2014, como um projeto de Vladimiro Nunes e da sua mulher, Fátima Fonseca, que decidiram lançar a coleção do Petzi, primeiros livros que leram na infância.

Entretanto, o principal fornecedor de edições da Ponto de Fuga, a Europress, desafiou-os a fazer uma chancela conjunta e é desse repto que nasce a PIM! e a publicação dos contos completos de Beatrix Potter, a propósito do 150.º aniversário do seu nascimento.

“O primeiro volume esgotou rapidamente, o segundo quase, os outros foram retirados devido à mudança de distribuidor. Em dezembro recolhemos tudo e agora estamos a relançar. Do primeiro e segundo volumes já tivemos que fazer reimpressões”, contou.

Com este contratempo, a editora ficou com “uma série de projetos parados” e está agora a dar primazia a esses e à reposição da Beatrix Potter.

Entretanto prepararam um livro para o Dia dos Namorados, intitulado “Retratos de Jovens Senhoras, Cavalheiros e Casais”, três coletâneas de textos satíricos de Charles Dickens e Edward Caswall, ilustrados por Phiz, que ilustrou várias obras de Dickens.

Os próximos meses vão ser para fazer sair livros que ficaram pendentes e, neste momento, os editores estão a trabalhar mais na Ponto de Fuga, preparando o lançamento de vários projetos, desde logo a reposição de “Não percas a rosa”, de Natália Correia.

Em breve vai sair também “O pobre de pedir”, último livro que Raul Brandão escreveu e que há mais de 30 anos que não era editado.

No final de abril serão publicados cinco ensaios autobiográficos de Virgínia Woolf, “papéis que ficaram no seu espólio quando morreu e que foram divulgados em 1976 por um sobrinho, e que nunca tinham saído em português”, revelou Vladimiro Nunes.

“Temos trabalhado textos com alguma autorreflexão dos autores, como neste caso ou de um livro de Gertrude Stein que vamos publicar, a 'Autobiografia de Alice B. Toklas'", também inédito em Portugal.

Mas a “menina dos olhos” dos editores é uma coleção infantojuvenil que a Ponto de Fuga vai começar, composta por escritores que não são autores de livros infantis.

“O primeiro é um livro de William Faulkner, 'A árvore dos desejos', único livro infantil que escreveu, uma espécie de cruzamento entre 'Alice no País das Maravilhas' misturado com 'O Som e a Fúria', porque a história é feita na mesma altura e serve para testar algumas questões narrativas desta obra”, declarou o editor.

É um livro que Faulkner escreve para oferecer à filha de uma mulher por quem se apaixona e com quem se casa, e oferece à menina quando ela faz oito anos.

“É ela que dá a conhecer o livro após a morte de Faulkner e nós vamos publicá-lo com as ilustrações originais”.

Ainda na mesma coleção, vão sair livros de Ted Hughes, mais conhecido pelo romance com Sylvia Plath e pelos seus poemas e que poucos sabem que escreveu para crianças. Vão ser lançados “O homem de ferro” e “A mulher de ferro”.

“Do poeta americano E.E.Cummings, vamos editar quatro histórias para crianças, um livro infantil maravilhoso, que conseguimos que a versão portuguesa fosse feita por Hélia Correia e as ilustrações por Rachel Caiano”, disse Vladimiro Nunes.

Vladimiro Nunes adiantou ainda que “mais para a frente” irá pegar novamente na Gertrude Stein e num seu clássico infantil que é “O mundo é redondo”.

Para setembro e outubro está já previsto o mais recente livro de Antonio Muñoz Molina, “Como la sombra que se va”, ainda sem título em português, “que se passa em Lisboa e tem a ver com o assassinato de Martin Luther King".

“Por ultimo, por ocasião do aniversário da morte de Che Guevara (09 de outubro de 1967), vamos publicar o romance que o neto dele, Canek Guevara, deixou inédito, chamado '33 Revoluções', que fala sobre o que era a Cuba em que cresceu, mas com uma consciência anarquista e crítica, que lhe ficou do avô”, realçou o editor.