O júri destacou, na obra de Murakami, nascido em Quioto, em 1949, "a singularidade", o "alcance universal" e a "capacidade de para conciliar a tradição japonesa e o legado da cultura ocidental numa narrativa ambiciosa e inovadora, que tem sabido expressar alguns dos grandes temas e conflitos" do mundo de hoje: "a solidão, a incerteza existencial, a desumanização nas grandes cidades, o terrorismo, mas também o cuidado do corpo ou a própria reflexão sobre o trabalho criativo".

"A sua voz, expressa em diferentes géneros, tem chegado a gerações muito diferentes. Haruki Murakami é um grande corredor de fundo da literatura contemporânea", lê-se na ata da decisão do júri do Prémio Princesa das Astúrias 2023.

Este galardão distingue "o trabalho criativo e o aperfeiçoamento da criação literária em todos os seus géneros".

O Prémio Princesa das Astúrias para as Letras foi atribuído em 2022 ao dramaturgo espanhol Juan Mayorga e, em edições anteriores, a escritores como Siri Hustvedt (2019), Leonard Cohen (2011), Amin Maalouf (2010), Margaret Atwood (2008), Nelida Piñon (2005), Arthur Miller (2002), Doris Lessing (2001), Gunter Grass (1999), Mário Vargas Llosa (1986) e Juan Rulfo (1983), entre outros.

Este foi o quinto dos oito Prémios Princesa das Astúrias a ser atribuído este ano, naquela que é a 43.ª edição destes galardões.

Ao maratonista queniano Eliud Kipchoge foi atribuído o do Desporto, à historiadora francesa Hélène Carrère d'Encausse o das Ciências Sociais; ao professor, escritor e filósofo italiano Nuccio Ordine o da Comunicação e Humanidades e à atriz norte-americana Meryl Streep o das Artes.

Nas próximas semanas serão decididos os prémios da Cooperação Internacional, da Investigação Científica e Técnica e da Concórdia.

São atribuídos anualmente oito Prémios Princesa das Astúrias, que distinguem o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário” realizado por pessoas ou instituições a nível internacional.

A cerimónia de entrega dos prémios realiza-se em outubro, em Oviedo, e é presidida pelos reis de Espanha e pelas duas filhas, a mais velha das quais, Leonor de Borbón, é a princesa das Astúrias e a herdeira da Coroa espanhola.

Cada prémio consiste numa escultura do artista espanhol Joan Miró, um diploma, uma insígnia e 50.000 euros.