“Para este ano temos uma programação bastante experimental e provocadora. Queremos chamar a atenção para o porquê de não termos mais cuidado uns com os outros, para o porquê de não sermos mais afetuosos uns com os outros, algo que se tem vindo a perder, tornando-nos mais individualistas”, referiu a diretora artística da Linha de Fuga, Catarina Saraiva.

O Festival Linha de Fuga - Laboratório e Festival Internacional de Artes Performativas vai decorrer de 16 de setembro a 9 de outubro, em Coimbra, tendo como temática as “Éticas do Cuidado”.

Em declarações à Agência Lusa, Catarina Saraiva revelou que o Festival vai ser muito centrado em artistas com formação em dança, que vão trazer diferentes perspetivas de ver a dança.

Ao todo estão previstos nove espetáculos, decorrendo em simultâneo o Laboratório Linha de Fuga, onde 15 artistas de várias nacionalidades estarão a desenvolver os seus processos de criação e a quem será dada a oportunidade de apresentarem publicamente os seus projetos artísticos.

“Ao longo de três semanas participam em ‘workshops’, olhares críticos e desenvolvem os seus processos. Estes artistas vêm de vários países, sendo duas criadoras da Bolívia com a proposta de documentar e arquivar o Laboratório do Linha de Fuga”, acrescentou.

O festival arranca a 16 de setembro, no Teatrão, com a performance do espanhol Vicente Arlandis, intitulada “El esfuerzo constante de ganarse la vida”.

“Nesta peça vai falar-se sobre o cansaço, as condições em que vivemos e convivemos, de uma forma muito humorada”, indicou.

No dia seguinte o artista brasileiro Cristian Duarte, leva ao Convento de São Francisco o espetáculo “Ó - um dispositivo de dança”.

“É baseado no mito do Orfeu e nessa ideia do cuidado e afeto pelo outro. É uma peça bonita e agoniante ao mesmo tempo, fala de afetos e do que se pode perder, nessa falta de cuidado pelo outro”, referiu.

De acordo com a diretora artística da Linha de Fuga, de regresso a Coimbra está a espanhola Marta Blanco, com o documentário que fez sobre a primeira edição do Linha de Fuga (2018).

“Fala muito sobre o que são as questões da cidade, de algumas feridas de que ninguém quer falar, mas ao mesmo tempo o que de bonito a cidade tem. A visão de quem vem de fora e depara-se com uma cidade super acolhedora, mas com todos os seus paradoxos e que criam choques de confrontações”, sustentou.

A bailarina Chrysa Parkinson apresenta, a 24 de setembro, a palestra performativa “Dis/oriented Front”, no auditório do Instituto Português do Desporto e da Juventude.

Já a 28 de setembro, Carlota Lagido propõe “Mina”, uma peça sobre feminismo que será levada à aldeia de Alfafar.

“É uma tentativa de levar a arte a lugares que não estão habituados a receber arte crítica e experimental”, justificou.

Destaque ainda para a proposta de um passeio silencioso e coletivo a realizar na cidade de Coimbra, com Gustavo Ciríaco (Brasil) e Andrea Sonnberger (Áustria), nos dias 30 de setembro, 1 e 2 de outubro.

“As pessoas juntam-se todas dentro de um elástico, sem falar, começando a dar mais atenção ao que está à volta e encontrando um ritmo, de conexão coletiva ao caminhar”, revelou.

A última semana do Festival Linha de Fuga fica reservada para “duas odes à dança”.

A ”Dança Sem Vergonha” de David Marques, a 7 de outubro, no Teatro Académico de Gil Vicente; e ainda “Good Girls Go To Heaven, Bad Girls Go Everywhere”, do coreógrafo francês Frédéric Gies, no dia 8 de outubro.

“Terminamos com este espetáculo de Frédéric Gies, numa dança obsessiva e compulsiva, com um vasto repertório de estilos. Terá lugar na Casa das Caldeiras”, concluiu.

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