“Juntámos a sonoridade da guitarra portuguesa com música electrónica, através do processo de ‘sampling’ e também com ‘scratch’, para aliar as melodias do fado com as batidas e baixos de Hip Hop”, explicou o DJ Stereossauro, nome profissional de Tiago Norte, à agência Lusa.
O concerto faz parte do primeiro festival de fado de Nova Iorque, que inclui também uma atuação de Gisela João, a exibição de um filme, uma palestra e uma exposição, e foi desenvolvido em específico para este evento.
Esta não é, no entanto, a primeira vez que a dupla portuguesa, que venceu em dezembro o campeonato mundial IDA World DJ, na categoria ‘show', usa o fado no seu trabalho.
“O fado é sempre uma referência para nós, portugueses, faz parte de todos nós, e tem uma sonoridade com uma personalidade muito própria e muito vincada. É muito emocional, que é o que procuramos fazer com a nossa música. Transmitir emoções é algo que surge muito naturalmente, pois faz parte da nossa identidade”, explica o músico.
Stereossauro diz que “o público estrangeiro recebe muito bem a sonoridade 'étnica' misturada com a eletrónica” e que “a reação foi sempre muito positiva” quando mostraram 'sets' com fado no estrangeiro.
“As melodias são universais. Mesmo que [as pessoas] não entendam as palavras em português, sentem a emoção que está na música”, explica.
A organização do primeiro festival de fado de Nova Iorque está a cargo de Isabel Soffer, uma produtora norte-americana de música, com mais de 20 anos de experiência, que foi responsável pela vinda de muitos fadistas aos EUA e pela sua estreia em Nova Iorque.
“Os concertos de fado em Nova Iorque são bastante populares entre a comunidade luso-americana e fora dela, por isso pareceu-me natural tentar elevar esta presença de eventos individuais para um festival que destaca o fado nas suas variadas formas”, explicou à Lusa a organizadora.
Gisela João atua no dia 25 de fevereiro, no Schimmel Center, marcando a sua primeira presença em Nova Iorque, e será acompanhada por Ricardo Parreira, na guitarra portuguesa, Nelson Aleixo, na guitarra, e Francisco Gaspar, na viola baixo.
O concerto será antecedido por uma palestra com a investigadora Lila Ellen Gray, da universidade Dickinson College, da Pensilvânia, e por uma atuação de um trio de fado.
Na entrada do edifício, estará patente uma exposição do Museu do Fado, de Lisboa, que conta a história deste género musical.
O festival começa no dia 24 de fevereiro, no Sport Clube Português em Newark, com a exibição do filme “Fado, história de uma cantadeira”.
“Para o próximo ano, planeamos ter mais eventos para oferecer uma visão ainda mais completa”, diz Isabel Soffer.
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