A exposição - a primeira apresentada no ex-Museu Coleção Berardo, desde janeiro sob a tutela do CCB - reúne uma seleção de trabalhos com a curadoria de Pedro Alfacinha, e vai ser hoje inaugurada, às 18h30, ficando patente até 4 de junho.

Na escolha das imagens estiveram sempre presentes as ideias de Ghirri (1943-1992) vertidas no ensaio "A Obra Aberta", de 1984, bem como a estrutura do seu acervo, que conta com 150 mil imagens, indicou a filha do autor, Adele Ghirri, durante uma visita para a imprensa.

"Luigi Ghirri, Obra Aberta" é o título desta mostra coproduzida pelo CCB Centro de Arquitetura - Garagem Sul, a Festa do Cinema Italiano e a Associação Il Sorpasso, e que revela obras criadas nos últimos 12 anos da “curta, mas muito produtiva e rica” carreira do artista italiano, uma das figuras mais emblemáticas da história da fotografia do século XX”, sublinhou o curador.

Pedro Alfacinha, que tem vindo a estudar com profundidade a obra de Ghirri, disse à agência Lusa que as imagens selecionadas “mostram o artista no topo da sua forma, cheias de uma grande clareza, sofisticação e inteligência”.

“Nos anos 1980, Ghirri voltou-se para a fotografia de paisagem, e captou o espaço onde todos nós nos projetamos. Ali podemos ver a nossa vida, a história e a cultura”, comentou o curador, que visitou pela primeira vez o arquivo, em Itália, há dez anos.

O fotógrafo italiano, amplamente reconhecido no seu país natal, teve projeção internacional sobretudo a partir de 2012, com a reedição, pela editora britânica Mack, do “Kodachrome”, um livro de fotografia de culto que teve a primeira edição de autor em 1978.

As imagens em exposição no Museu do CCB, apesar de provenientes de grupos de trabalho independentes, de diferentes momentos ao longo da década de 1980, são, como indica o título, “uma metáfora para a totalidade da obra de Ghirri, aberta, e uma nova forma de fazer fotografia e de olhar o mundo num diálogo contínuo entre tudo o que já aconteceu e o que está para vir”.

Perante a voracidade crescente das imagens, Luigi Ghirri já afirmava que na fotografia podia ser encontrado “um importante momento de pausa e reflexão”: “Ter, na fotografia, o momento de reativação dos circuitos da atenção, estilhaçados pela velocidade do mundo exterior”, escreveu o fotógrafo italiano no ensaio “A Obra Aberta”.

Também presente na visita de imprensa, Delfim Sardo, administrador do CCB e curador, disse ser “um privilégio, receber uma exposição feita totalmente com ´vintage prints´”.

“Trata-se de um criador que se transformou ao longo do tempo, num autor de referência da fotografia da segunda metade do século XX, no contexto europeu. Foi brilhante a opção do curador [Pedro Alfacinha] de se focar nesta parte menos conhecida do seu trabalho, mais aberta, que dá a possibilidade de ver o profundo humanismo da fotografia de Luigi Guirri”, salientou.

Questionado pela Lusa sobre o ponto da situação do futuro Museu de Arte Contemporânea – Centro Cultural de Belém (MAC-CCB), cujo conteúdo deverá abrir progressivamente ao longo deste ano, Delfim Sardo disse ser ainda “muito cedo para falar sobre o projeto”.

“Mas é evidente que é uma excelente possibilidade de criar sinergias entre o Centro de Arquitetura - Garagem Sul, as artes performativas, e o próprio museu. O CCB é a única instituição que tem estas valências no nosso país, e pode contribuir dessa forma para uma tendência absolutamente contemporânea de diálogo entre diversas expressões artísticas, e de adaptabilidade aos contextos que não são os tradicionais”, sustentou.

A inauguração da primeira exposição sob a gestão do CCB neste formato – após a passagem da tutela e retirada do nome Museu Berardo, no início de janeiro deste ano – “é também a concretização do lema ‘Um campo comum’, escolhido para 2023, e que materializa a colaboração entre as diversas tipologias de expressão artística”, salientou Delfim Sardo.

“Luigi Ghirri. Obra Aberta” é uma exposição que faz parte do programa cultural paralelo da 16.ª edição da Festa do Cinema Italiano, que irá exibir, na quinta-feira, no Cinema São Jorge, um documentário sobre a vida do fotógrafo, intitulado “Infinito. L´universo di Luigi Ghirri”, realizado em 2022 por Matteo Parisini.

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