Pelo segundo ano consecutivo, a Flip será realizada em formato virtual por causa das restrições impostas pela pandemia de COVID-19.

Esta será a décima nona edição do evento, que vai oferecer 19 encontros virtuais com cinquenta convidados brasileiros e estrangeiros, transmitidos gratuitamente através do canal da Flip na plataforma Youtube, durante nove dias, entre este sábado e 5 de dezembro.

A grande novidade desta edição é o facto de que a organização não vai homenagear um autor específico e sim uma questão, a relação da literatura com as plantas e as florestas, para que, entre os convidados, estejam ambientalistas, indígenas e escritores com obras que tenham referências a este tópico.

“Durante a pandemia, a humanidade reduziu sua mobilidade e vivenciou uma temporalidade menos frenética, características mais associadas ao reino vegetal. É hora de pensar e aprender com as plantas”, afirmaram os organizadores em comunicado.

Além da Zambra, entre os convidados estão também a chilena Cecilia Vicuña, a canadiana Margaret Atwood, célebre autora de "The Handmaid's Tale"/"A História de Uma Serva", a romancista americana Alice Walker, que é autora do romance “A Cor Púrpura”, a cantora e escritora brasileira Adriana Calcanhotto, o sul-coreano Han Kang e o líder indígena brasileiro Ailton Krenak.

O evento começa no sábado, às 16h00 (horário de Brasília; mais três horas em Lisboa), com uma cerimónia protagonizada por indígenas Guaranis, que serão liderados pelo líder indígena Carlos Papá, e a educadora Cristine Takuá, em homenagem a "Nhé-éry", termo Guarani usado para se referir ao local "onde as almas se banham".

Está programada também, no sábado, uma mesa que tratará da importância das plantas, na qual participarão o botânico italiano Stefano Mancuso, autor das obras "A Planta do Mundo" e "A Revolução das Plantas", que também contará com a presença do investigador brasileiro Evando Nascimento.

Participam na mesa de domingo o poeta brasileiro Micheliny Verunschk, elogiado por sua obra "O Som do Rugido da Onça", e o franco-senegalês Diop, vencedor do Prêmio Booker Internacional com "Irmão da Alma".

Atwood participará, na quarta-feira, num debate sobre "utopia e distopia" ao lado do cientista brasileiro Antonio Nobre.

Zambra, autora de obras com referências a plantas como "Bonsai" e "A Vida Privada das Árvores", terá um diálogo no sábado, dia 4 de dezembro, com a poetisa brasileira Ana Martins Marques, autora de "O Livro dos Jardins".

Nesse mesmo dia, haverá mais um encontro entre duas escritoras negras de renome, a americana Alice Walker e a brasileira Conceição Evaristo.

O encontro será encerrado no domingo, 5 de dezembro, com uma mesa que debaterá "cartografias para adiar o fim do mundo", com a participação do líder indígena Ailton Krenak e do escritor brasileiro Muniz Sodré.

Na edição anterior, realizada em dezembro de 2020, a Flip também foi virtual e contou com a participação de 20 autores internacionais, entre os quais a colombiana Pilar Quintana e a inglesa Bernardine Evaristo, vencedora do Prémio Booker 2019.

O evento de 2020 foi palco do lançamento do livro "Narciso em Férias", do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso.

A Flip nasceu em 2003, com a intenção de realizar um encontro literário em Paraty, cidade colonial declarada Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), e, após uma primeira edição com vinte autores convidados, foi crescendo aos poucos até se tornar uma referência dos eventos literários no Brasil.