Barbara Kingsolver, que já tinha recebido o Women's Prize for Fiction em 2010 por “The Lacuna”, é assim a primeira escritora a ser duplamente distinguida com o prémio.

O anúncio da vencedora foi feito na quarta-feira, em Londres, pela presidente do júri, a jornalista e apresentadora Louise Minchin, que considerou “Demon Copperhead” uma obra "brilhante e visceral [...], uma exposição da América moderna, da sua crise de droga", e de como afeta "comunidades desfavorecidas e maltratadas".

Para o júri, o romance "aborda temas universais - a dependência e a pobreza, a família, o amor e o poder da amizade e da arte - e tem um grande impacto emocional", com capacidade para "resistir ao teste do tempo".

"Todos nós ficámos profundamente comovidos com Demon, com o seu otimismo gentil, a sua força e determinação, apesar de tudo o que lhe é desfavorável", disse a presidente do júri, concluindo que "'Demon Copperhead' é uma história contada por uma autora que está no topo da sua carreira".

“Demon Copperhead” superou outras obras finalistas, anunciadas em abril, como “The Marriage Portrait”, editado em Portugal pela Relógio d’Água com o título “Retrato de casamento”, de Maggie O’Farrell, também vencedora do Women's Prize for Fiction em 2020 pelo romance “Hamnet”, e "Pod", de Laline Paul, que foi finalista em 2015, com o romance “The bees".

“Fire Rush”, da escritora estreante Jacqueline Crooks, “Black Butterflies”, livro de estreia de Priscilla Morris, e “Trespasses”, primeiro romance de Louise Kennedy, eram os outros finalistas.

No ano passado, o prémio foi atribuído a “O livro da forma e do vazio”, de Ruth Ozeki, publicado em Portugal pela Cultura Editora.

Dirigido pela romancista Kate Mosse, o Women's Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo.

Criado em 1992, em Londres, capital britânica, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, o prémio foi uma resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado prémio literário Booker não ter incluído uma única mulher.

Em 1992, o Booker Prize teve apenas uma mulher entre os seis finalistas.

A residência ou o país de origem não são critérios de elegibilidade para o Women's Prize for Fiction, que celebra a criatividade feminina.

A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras (perto de 33 mil euros).